Após mais de três décadas vivendo em cativeiro no antigo zoológico de Buenos Aires, a elefanta africana Pupy iniciou uma nova etapa de sua vida no Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Aos 36 anos, Pupy chega ao Brasil para se tornar a primeira representante de sua espécie no habitat destinado a fêmeas africanas no SEB. E marcando um avanço importante na promoção do bem-estar animal e na reabilitação de elefantes em situação de vulnerabilidade.
A transferência foi possível graças à atuação da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Ela viabilizou a importação do animal diretamente do Ecoparque de Buenos Aires. A inspeção sanitária ocorreu no dia 15 de abril, na unidade da Vigiagro em Foz do Iguaçu (PR). Os técnicos avaliaram a documentação sanitária, o cumprimento das exigências previstas no Certificado Veterinário Internacional e autorizaram a entrada do animal em território brasileiro. Após a vistoria, a equipe emitiu a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que acompanha Pupy até o destino final.

A operação também contou com a autorização de embarque e a emissão da Licença de Importação pelo Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal (SISA/MT). A logística de transporte envolveu um complexo procedimento de segurança. No dia 14 de abril, Pupy foi içada por um guindaste e acomodada em uma caixa própria sobre um caminhão. No dia seguinte, cruzou a fronteira rumo ao Brasil. A viagem, de aproximadamente 2.700 quilômetros, deve durar cinco dias e concluir-se no fim de semana.
Trajetória complicada
Pupy nasceu na natureza e foi levada ainda jovem para o Parque Nacional Kruger, na África do Sul. De onde foi transferida para o zoológico argentino em 1993. No local, compartilhou espaço com a elefanta Kuky, sua companheira por mais de 30 anos, falecida em outubro de 2024. Sua história agora se cruza com a do SEB, reconhecido por oferecer condições adequadas à recuperação física e emocional de elefantes resgatados de situações de confinamento inadequado.
No novo lar, Pupy viverá em amplos espaços naturais, com liberdade para se deslocar e expressar seus comportamentos naturais. Em breve, deverá receber a companhia de Kenya, outra elefanta africana solitária, o que contribuirá para sua socialização e bem-estar, uma vez que elefantes são animais altamente sociáveis.

A chegada de Pupy ao Santuário representa mais do que um deslocamento físico. Trata-se de uma mudança de paradigma sobre o tratamento de animais silvestres em cativeiro. Assim como ocorreu com Mara, elefanta asiática transferida para o SEB em 2020, a iniciativa reforça o papel do Brasil na reabilitação de animais vítimas de longos períodos de confinamento.
O Santuário de Elefantes Brasil abriga atualmente cinco elefantes e segue os protocolos da Global Sanctuary for Elephants (GSE), organização internacional dedicada à conservação desses animais. A estrutura oferece assistência veterinária, alimentação adequada, monitoramento constante e, sobretudo, respeito ao tempo e às necessidades de cada indivíduo.
A mudança de Pupy simboliza um novo começo, com mais liberdade, dignidade e qualidade de vida. A operação, fruto da colaboração entre instituições brasileiras e argentinas, fortalece os compromissos internacionais com o bem-estar animal e a conservação da fauna silvestre.
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