Uma câmera escondida registrou imagens raras de um dos últimos elefantes-da-floresta-africana (Loxodonta cyclotis) no Parque Nacional Niokolo-Koba, no Senegal. O flagrante, feito durante a noite, mostra o animal conhecido como “Elefante Fantasma”, termo usado localmente para descrever os poucos indivíduos remanescentes da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção.
Segundo o grupo de conservação Panthera e a Direção de Parques Nacionais do Senegal, responsáveis pela gravação, o animal foi identificado como Ousmane. O nome foi dado em homenagem a um guarda-florestal do parque. Armadilhas fotográficas registraram o animal, com tecnologia essencial para monitorar espécies raras e discretas. Ousmane não aparecia desde 2019, e as últimas imagens conhecidas datavam de 2020.
Na gravação, Ousmane aparece caminhando lentamente pela savana, parando e encarando a câmera. O brilho dos olhos do animal, causado pelas lentes de visão noturna, reforça o clima misterioso que cerca a espécie.
Espécie em risco crítico
O elefante-da-floresta-africana é menor que o elefante-da-savana, atingindo até 2,25 metros de altura e sendo a menor das três espécies de elefantes existentes. Estima-se que restem apenas entre cinco e dez indivíduos dessa espécie no Parque Nacional Niokolo-Koba, número alarmante diante dos cerca de 450 registrados na região no final da década de 1970.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classifica a espécie como criticamente ameaçada, com tendência de declínio populacional. O Parque Nacional Niokolo-Koba é atualmente o último refúgio desses elefantes no Senegal, tornando a preservação da área vital para a sobrevivência da espécie.
“Os elefantes estão sob imensa pressão na África Ocidental. Apenas algumas populações de paquidermes sobrevivem nesta região. O Parque Nacional Niokolo-Koba, onde filmaram este indivíduo, é a última área no Senegal onde esta espécie ameaçada de extinção sobrevive”, afirmou Philipp Hensche, diretor regional do Panthera, à Newsweek.
Conservação e esperança
Apesar do cenário preocupante, iniciativas de conservação têm trazido esperança. Desde 2017, o parque e o grupo Panthera desenvolvem um plano de proteção para a área, com estudos para identificar se Ousmane é o último da espécie e avaliar a possibilidade de introduzir um grupo de fêmeas para formar uma nova população reprodutora.
O histórico do parque em conservação é positivo: ações de combate à caça ilegal permitiram que a população de leões da África Ocidental mais do que dobrasse desde 2011. Como reconhecimento, a UNESCO retirou o parque da Lista de Patrimônios Mundiais em Perigo, reforçando a importância das medidas de proteção para espécies ameaçadas.
O registro do “Elefante Fantasma” reacende o debate sobre a urgência da conservação e a necessidade de esforços contínuos para evitar a extinção de espécies emblemáticas na África Ocidental.
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