No meio da poeira fina que sobe das estradas de terra no Pantanal mato-grossense, uma cena inesperada parou turistas e guias, no fim da tarde, ali onde o cerrado beija o brejo. Um touro branco da raça Nelore caminhava sereno, quase em câmera lenta, quando deu de cara com dois pares de olhos dourados, fixos, atentos, à espreita. Eram onças-pintadas — imponentes, silenciosas e com aquele andar que parece flutuar no chão.
O flagrante, gravado em vídeo por visitantes e compartilhado nas redes sociais, foi registrado em uma fazenda nos arredores de Poconé (MT), a cerca de 100 km de Cuiabá. Nas imagens, o touro surge sozinho, como se fosse dono da estrada. Mas logo adiante, as onças já estavam lá, esperando. Ou observando. Ou decidindo.
A tensão no ar era palpável. Uma das onças se aproximou, devagar, quase como quem não quer nada. O touro parou. Bufou. Pisou firme. A poeira subiu de novo. O que se viu a seguir foi um duelo mudo entre força e instinto. O felino avaliava. O boi desafiava. Um espetáculo natural de minutos que pareceu durar uma eternidade.
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Nada aconteceu, no fim das contas — ao menos, nada trágico. O touro avançou imponente, as onças fugiram para a mata. Mas o que ficou no rosto dos turistas foi aquela expressão de quem encarou de perto a alma selvagem do Pantanal. Uma lembrança cravada no peito, daquelas que o tempo não apaga.
Região Pantaneira
O episódio, além de impactante, levantou discussões entre profissionais do turismo sobre segurança em áreas de preservação. Os guias reforçam, por exemplo: manter distância é essencial, tanto para proteger os animais quanto os humanos. A curiosidade pode custar caro.
No fim das contas, o encontro entre as onças e o touro serve como alerta — um aviso em carne viva de que a natureza, mesmo quando silenciosa, grita. E grita alto. Grita para que se respeite o seu espaço, para que se entenda que o Pantanal não é cenário, é personagem. Um gigante de patas molhadas e olhos atentos, onde cada encontro pode ser único, irrepetível e, por que não, perigoso.
Por isso, a cena que assustou os turistas também fascina. Mostra o que ainda temos e o que podemos perder se não houver cuidado, proteção e políticas públicas eficientes, por exemplo. O Pantanal continua lá, respirando entre árvores tortas, rios lentos e nuvens pesadas. E, de vez em quando, sussurra: “lembram de mim?”
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