O Brasil exportou 3,274 milhões de sacas de café em fevereiro, uma queda de 10,4% em relação ao mesmo período de 2024. Ao mesmo tempo, apesar da retração no volume, a receita subiu 55,5% e alcançou US$ 1,190 bilhão, o maior valor já registrado para o mês. Em geral, o desempenho reflete os altos preços do produto no mercado internacional, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Acumulado da safra bate recordes
Nos oito primeiros meses da safra 2024/25, os embarques somaram 33,452 milhões de sacas, um crescimento de 8,8% em volume e de 59,8% na receita, que chegou a US$ 9,723 bilhões. Ou seja, ambos os números são recordes para o período.
Desempenho no primeiro bimestre
Entre janeiro e fevereiro, o Brasil exportou 7,278 milhões de sacas, queda de 5,4% na comparação anual. No mesmo intervalo, a receita cresceu 58,4%, atingindo US$ 2,516 bilhões. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, explica que, embora as bolsas internacionais tenham recuado, os preços atuais ainda estão bem acima dos registrados no ano passado.
Fatores que impactam o mercado
A entressafra no Brasil e a concorrência com outros países afetam as exportações. Portanto, os diferenciais de preço dos cafés conilon e robusta do Brasil estão menos competitivos em relação ao Vietnã. O mesmo ocorre com o arábica, que está mais caro frente aos produtos da América Central. “Esses fatores podem manter os embarques em volumes menores nos próximos meses”, alerta Ferreira.
Além disso, outro ponto de atenção é a possível redução no consumo global da bebida. O aumento nos preços ao consumidor pode impactar a demanda, influenciando a inflação nos principais mercados importadores.
Impacto do crédito e perspectivas para a safra
A escassez de linhas de crédito também afeta o setor. Segundo Ferreira, as variações bruscas de preço aumentam a necessidade de recursos para cobertura de margens de risco nos mercados futuros. Ele destaca que o equilíbrio entre oferta e demanda ainda deve sustentar valores interessantes ao produtor.
Com a colheita da safra 2025/26, o mercado terá um panorama mais claro sobre a produtividade. Ou seja, caso o inverno brasileiro não traga intempéries e as chuvas retornem em bons volumes, a produção pode se recuperar na safra 2026/27.
Principais destinos e movimentação portuária
Os Estados Unidos lideraram as importações de café brasileiro no primeiro bimestre de 2025, com 1,206 milhão de sacas, 16,6% do total, mas com queda de 12,3% frente ao ano anterior. A Alemanha veio em seguida, com 878.350 sacas (-29,4%). Já a Turquia ampliou as compras em 88,7%, totalizando 354.904 sacas.
Mesmo com o aumento da concorrência, Vietnã e Indonésia seguem importando café verde do Brasil. No primeiro bimestre, os vietnamitas adquiriram 72.836 sacas (+297,3%), e os indonésios, 47.471 sacas (+29,2%).
O Porto de Santos manteve-se como o principal canal de escoamento, movimentando 5,637 milhões de sacas, o equivalente a 77,5% das exportações. O complexo portuário do Rio de Janeiro ficou com 18,2%, seguido pelo Porto de Paranaguá (PR), com 1,2%.
Tipos de café exportados
O café arábica dominou as exportações, com 6,069 milhões de sacas embarcadas entre janeiro e fevereiro, representando 83,4% do total. O café solúvem cresceu 16,5%, atingindo 640.996 sacas (8,8% do total). Os cafés canéforas, incluindo conilon e robusta, recuaram 45,5%, somando 559.928 sacas (7,7%). Já o torrado e moído cresceu 63,9%, com 7.993 sacas exportadas.
Cafés diferenciados em alta
Os cafés especiais, com certificações de qualidade ou sustentabilidade, responderam por 24,8% das exportações no primeiro bimestre, totalizando 1,801 milhão de sacas. Em geral, o volume cresceu 14,7% frente ao mesmo período do ano passado. A receita com esses produtos dobrou (+101,1%), alcançando US$ 717,7 milhões, com preço médio de US$ 398,47 por saca.
Os EUA também lideraram a compra de cafés diferenciados, adquirindo 351.205 sacas (19,5% do total). Alemanha, Bélgica, Japão e Holanda completam a lista dos principais destinos.
O relatório completo sobre as exportações do café brasileiro está disponível no site do Cecafé: www.cecafe.com.br.
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