Uma nova cultivar de feijão guandu adaptada às condições do Semiárido brasileiro promete reduzir os custos com a alimentação de rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos. A pesquisa conduzida pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) identificou a cultivar comercial Super N como a mais produtiva para a região. Ela atingiu uma produtividade média de matéria seca de forragem superior a 6,2 mil quilos por hectare (kg/ha).
Os testes ocorreram em Sobral (CE), Boa Viagem (CE) e Sumé (PB), regiões de clima semiárido com período chuvoso entre fevereiro e junho e pluviosidade variando entre 400 e 800 mm. O estudo analisou 21 genótipos de feijão guandu, sendo quatro cultivares comerciais e 17 experimentais, para identificar os mais adaptados ao ambiente. As características avaliadas incluíram tempo de florescimento, altura da planta e produtividade de grãos.
Os resultados apontaram produtividade entre 4,6 mil e 9 mil kg/ha de matéria seca. É um número superior ao da cultivar Taipeiro, que produz cerca de 2,49 mil kg/ha no Semiárido. As cultivares comerciais Super N e Iapar 43 demonstraram a melhor adaptação, com produtividade superior a 5,7 mil kg/ha, sendo que a Super N superou a Iapar 43 em 16% na produção de grãos.
Histórico e importância do melhoramento genético
O melhoramento do feijão guandu no Brasil teve início nos anos 1970, com pesquisas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Semiárido (PE). Inicialmente, produtores do Sudeste usaram o guandu na rotação de culturas para recuperar o solo em lavouras de amendoim e cana-de-açúcar. Além disso, a planta se popularizou em quintais devido à sua capacidade de produção por até quatro anos sem replantio.
No Semiárido, a adaptação das cultivares às condições climáticas locais é essencial. O professor Ranoel Gonçalves, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), destacou a relevância da pesquisa, especialmente para produtores de caprinos e ovinos. Sumé, um dos principais polos de caprinocultura leiteira do Brasil, abriga diversas indústrias de laticínios e pode se beneficiar diretamente das novas cultivares adaptadas.
A próxima etapa do estudo prevê testes em propriedades rurais maiores, seguido de dias de campo para produtores interessados e a divulgação de formas de acesso às sementes. A Embrapa também trabalha no desenvolvimento de cultivares ainda mais produtivas e resistentes ao clima semiárido.
Fonte nutritiva para humanos e animais
O feijão guandu, também conhecido como andu, é originário da África e se adaptou bem ao Brasil. Ele é cultivado em estados como Minas Gerais, Goiás, Bahia e Piauí.
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A planta se destaca por sua versatilidade, podendo ser utilizada tanto na alimentação humana quanto animal. O guandu oferece proteínas e fibras de alta qualidade, sendo uma alternativa mais econômica a ingredientes tradicionais como farelos de soja e milho. Suas folhas e grãos são os principais componentes para alimentação animal, enquanto os galhos e cascas das vagens fornecem fibras.
Para otimizar seu uso na nutrição animal, a planta pode ser oferecida na forma de feno ou silagem. O feno exige secagem ao sol por cerca de um dia e meio. Enquanto a silagem requer mistura com outras culturas para equilibrar o alto teor proteico do guandu.
Com os avanços nas pesquisas e a seleção de cultivares adaptadas ao Semiárido, o feijão guandu se firma como uma solução viável e sustentável para a produção agropecuária na região.
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