O azeite de oliva, reconhecido por seus benefícios anti-inflamatórios, antioxidantes e cardioprotetores, enfrenta um cenário preocupante de fraudes no Brasil. Em 2025, o problema se agravou: o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) intensificaram operações de fiscalização, resultando na proibição e recolhimento de diversas marcas por adulteração e irregularidades.
Somente em 2024, mais de 112 mil litros de azeite adulterado foram apreendidos em operações conjuntas de Anvisa, Receita Federal e Polícia Federal, com destaque para a “Operação Getsêmani”, que retirou mais de 104 mil litros do mercado. Em 2025, a Anvisa determinou o recolhimento de todos os lotes de pelo menos quatro marcas e o Mapa desclassificou oito marcas após análises laboratoriais confirmarem a presença de óleos vegetais mais baratos, como soja e milho, misturados ao azeite de oliva.
As principais infrações incluem:
- Adulteração com outros óleos vegetais;
- Irregularidades em rótulos e ausência de registro no Brasil;
- Distribuição por empresas clandestinas ou sem registro.
Marcas proibidas e orientações oficiais
Entre as marcas recentemente proibidas por fraude estão Santa Lucía, Villa Glória, Alcobaça, Terra de Olivos, Casa do Azeite, Terrasa, Castelo de Viana, San Martin, Quintas D’Oliveira, Alonso, Escarpas das Oliveiras, Almazara, La Ventosa e Grego Santorini. O consumidor deve interromper imediatamente o uso desses produtos e solicitar substituição no ponto de venda, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor. Denúncias de comercialização irregular podem ser feitas pelo canal Fala.BR.
Como o consumidor pode se proteger
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Verifique o registro e a procedência
Consulte o Cadastro Geral de Classificação (CGC) do Ministério da Agricultura para saber se a empresa produtora, importadora ou distribuidora está devidamente registrada.
Use a ferramenta da Anvisa para checar se a marca está proibida ou foi alvo de fraude.
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Atenção ao rótulo
Confira a origem, data de envase, tipo de azeite e número de registro no MAPA.
Prefira frascos escuros e com tampa inviolável, que ajudam a preservar a qualidade do azeite.
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Desconfie de preços muito baixos
O azeite extravirgem verdadeiro tem custo mais elevado; preços abaixo da média podem indicar adulteração ou mistura com óleos mais baratos.
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Não compre azeite a granel
Produtos vendidos sem embalagem original facilitam fraudes e dificultam a rastreabilidade.
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Saiba identificar os tipos de azeite
- Extravirgem: até 0,8% de acidez, extraído a frio, sem aditivos.
- Virgem: até 2% de acidez, qualidade sensorial inferior.
- Óleo de bagaço de oliva: extraído do resíduo da azeitona, refinado, menor valor nutricional.
- Óleo composto: mistura de azeite com outros óleos vegetais, não é azeite puro.
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Fique atento à acidez
A acidez indica a proporção de ácidos graxos livres; quanto menor, melhor a qualidade. Acidez elevada pode sinalizar defeitos ou adulteração.
O consumo de azeite adulterado pode mascarar a ingestão de óleos refinados com perfil inflamatório, prejudicando especialmente pessoas com doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. A pureza do azeite é fundamental para garantir seus benefícios à saúde.

A Karoline Albini Schast, nutricionista, falou com nossa equipe. “Embora o azeite de oliva extravirgem seja um aliado da saúde, seu valor está diretamente ligado à pureza e integridade do produto. Fraudes mascaram o consumo de óleos refinados com perfil inflamatório. Isso pode impactar negativamente pessoas com doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e outras condições em que o azeite verdadeiro é recomendado como gordura funcional. O Brasil, infelizmente, ainda enfrenta desafios na fiscalização e combate a fraudes. Por isso, cabe ao consumidor estar bem-informado e fazer escolhas conscientes — valorizando produtos certificados, marcas reconhecidas e rótulos transparentes.”
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