A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), uma das pragas agrícolas mais devastadoras do mundo, espalhou-se por mais de 80 países, destruindo lavouras e desenvolvendo resistência a inseticidas. Mas um estudo australiano traz uma esperança: fungos nativos que infectam e consomem as lagartas de dentro para fora surgem como uma arma promissora no controle biológico.
Originária das regiões tropicais das Américas, a lagarta-do-cartucho já invadiu Europa, Ásia, África e Austrália, ameaçando a segurança alimentar. As mariposas adultas podem migrar até 1.400 quilômetros em 30 horas, impulsionadas por ventos e pelo comércio internacional, segundo Johnnie van den Berg, zoólogo da Universidade North-West, na África do Sul, em entrevista à Live Science. Além disso, tem outras dificuldades em seu combate:
- Reprodução explosiva: uma fêmea fértil põe de 1.000 a 2.000 ovos em sua vida.
- Danos invisíveis: as larvas, difíceis de detectar, destroem folhas de milho em uma semana.
- Dieta variada: além do milho, atacam trigo, algodão, cana-de-açúcar e hortaliças.
Fungos como “inimigos naturais”
Com a resistência da praga a pesticidas químicos, cientistas buscam alternativas sustentáveis. Fungos australianos, ainda em estudo, mostraram capacidade de:
- Infectar as lagartas através do contato com esporos.
- Consumir seus tecidos internos, levando à morte em dias.
- Reduzir a proliferação sem danos ao meio ambiente.
“Esses fungos agem como controladores naturais, oferecendo uma solução de baixo custo e alta eficácia”, explica um pesquisador envolvido no estudo.
Desafios no controle da praga
Apesar do potencial, métodos alternativos — como vírus específicos, extratos botânicos e culturas geneticamente modificadas — enfrentam obstáculos:
- Escalabilidade: aplicação em larga escala ainda é limitada.
- Custo-benefício: tecnologias como CRISPR são caras para pequenos agricultores.
- Velocidade de adaptação: a lagarta-do-cartucho desenvolve resistência rapidamente.
Por que isso importa?
- Segurança alimentar: a praga reduz até 50% da produção de milho em regiões afetadas.
- Impacto econômico: prejuízos globais chegam a US$ 13 bilhões anuais, segundo a FAO.
- Sustentabilidade: fungos podem reduzir o uso de agrotóxicos, protegendo ecossistemas.
Pesquisadores australianos planejam testar os fungos em campo. Enquanto isso, agricultores são orientados a:
- Monitorar lavouras com armadilhas luminosas.
- Rotacionar culturas para quebrar o ciclo da praga.
- Adotar práticas integradas de manejo.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Novas cultivares de soja prometem alta produtividade e resistência
+ Agro em Campo: “Rotas do Café de São Paulo” une turismo, cultura e negócios