O Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos (GTFI) celebrou uma década de conquistas em um evento realizado nesta terça-feira (25/03), na capital paulista. Desde 2014, o fórum tem desenvolvido soluções inovadoras para rastrear fornecedores indiretos na cadeia da carne bovina, fortalecendo a sustentabilidade e a credibilidade internacional do setor pecuário brasileiro.
Durante o XII Encontro do GTFI, lideranças do setor privado, ONGs e órgãos governamentais discutiram os resultados de uma década de colaboração. Mauro Armelin, diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira (AdT), destacou: “Este é um espaço seguro para cooperação, onde stakeholders unem esforços para resolver desafios complexos, como a rastreabilidade global da cadeia pecuária”.
Uma década de inovação
Nos últimos 10 anos, o GTFI implementou iniciativas como:
- Protocolo de adesão voluntária com monitoramento por lote e zonas de risco (Mato Grosso e Pará).
- Boas Práticas Socioambientais, baseadas em quatro pilares: conformidade legal, análise de risco, transparência e engajamento de fornecedores.
- Subgrupo técnico para criar regras unificadas de rastreabilidade, em desenvolvimento desde 2023.
“O documento técnico em elaboração será crucial para orientar frigoríficos, órgãos governamentais e investidores, além de embasar acordos com o Ministério Público Federal”, explicou Cintia Cavalcanti, analista da AdT.
Empresas apresentam iniciativas
No evento, representantes da Masterboi, Marfrig e JBS compartilharam suas plataformas de monitoramento de fornecedores diretos e indiretos. Apesar dos avanços, as empresas destacaram desafios, como a falta de transparência de dados públicos sobre propriedades rurais, que limita a rastreabilidade total.
Ricardo Negrini, procurador do MPF no Pará, reforçou a necessidade de incluir fornecedores indiretos em acordos setoriais. Dados do 6º ciclo de auditorias do MPF no estado revelaram:
- 38% das propriedades em conformidade.
- 27% com risco de irregularidades.
- 35% sem identificação no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Os principais problemas estão vinculados a desmatamento e áreas embargadas.
Fernando Sampaio, da ABIEC, destacou a importância dos protocolos socioambientais brasileiros para garantir acesso a mercados internacionais. “A rastreabilidade não é só uma exigência, mas um diferencial competitivo”, afirmou.
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