Uma jaguatirica resgatada de cativeiro ilegal em uma fazenda de Uruará, no Pará, chegou ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama. O felino, explorado por uma influenciadora digital em vídeos nas redes sociais, apresentava graves problemas de saúde, incluindo desnutrição, parasitas e lesões.
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Ao ser avaliada pela equipe do Ibama, a jaguatirica revelou um quadro alarmante:
- Desnutrição severa e perda de pelos;
- Infestação por parasitas, como bicho-de-pé nas patas;
- Lesão óssea na pata dianteira esquerda, possivelmente por trauma ou deficiência nutricional;
- Perda dos caninos do lado esquerdo.
A influenciadora publicou vídeos que exibiam o animal em situações incompatíveis com seu comportamento natural, como estar no colo da mulher, interagir com cães, gatos, galinhas e até um cavalo, além de receber uma alimentação inadequada. Alguns desses animais domésticos apresentavam sinais de leishmaniose, uma doença grave que pode ser transmitida a humanos e a outros animais.
Riscos à saúde pública e ambiental
A coordenadora de Conservação da Fauna do Ibama, Juliana Junqueira, alertou:
“A exposição a animais domésticos e a alimentação incorreta agravaram o estado de saúde da jaguatirica. Além dos danos físicos, houve alteração comportamental, comprometendo seus instintos naturais.”

A equipe do Cetas fará exames clínicos e laboratoriais para detectar doenças infecciosas e zoonoses (doenças transmitidas entre animais e humanos). O protocolo de reabilitação inclui tratamentos médicos e treinamentos para restaurar comportamentos selvagens, visando à reintrodução na natureza, se possível.
Apreensão e penalidades
A ação ocorreu após denúncia de que a influenciadora usava a imagem do animal para monetização nas redes sociais. Durante a operação, a jaguatirica foi encontrada escondida em um guarda-roupa.
A Justiça aplicou multa de R$ 10 mil à autora com base na Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998), que proíbe a posse ilegal e a exploração de fauna silvestre. Além disso, determinou a remoção dos vídeos das plataformas digitais, sob pena de multa diária em caso de descumprimento.
O Ibama reforça a importância de não compartilhar conteúdos que incentivem a posse irregular de animais silvestres. “A busca por likes não justifica o sofrimento de espécies protegidas. Denuncie!”, destacou Juliana.
Enquanto a jaguatirica se recupera, autoridades ambientais investigam se outros animais da propriedade precisam de resgate. O caso expõe os perigos do tráfico de fauna e da humanização de espécies selvagens.
Para denúncias: Disque Ibama 0800 61 8080 ou use o aplicativo Linha Verde.
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