A Lavoro, uma das maiores distribuidoras de insumos agrícolas do Brasil, protocolou na Justiça de São Paulo um acordo de recuperação extrajudicial para reestruturar cerca de R$ 2,5 bilhões em dívidas comerciais com fornecedores estratégicos. Isso inclui os gigantes do setor como BASF, FMC Agrícola e UPL Brasil. O plano ocorre após meses de negociações entre várias partes. E tem como objetivo garantir o fornecimento de insumos para as próximas safras, em meio a um cenário de inadimplência crescente no agronegócio nacional.
O acordo de recuperação extrajudicial esta previsto na Lei nº 11.101/2005. E permite que a empresa renegocie condições de pagamento diretamente com parte dos credores, com posterior homologação judicial. No caso da Lavoro, os credores participantes receberão 100% do valor devido em cinco parcelas semestrais, de outubro de 2025 a setembro de 2027. A medida abrange apenas a operação de varejo agrícola no Brasil e a subsidiária Perterra, deixando de fora outras unidades da companhia e credores financeiros.
A Lavoro ainda negocia separadamente cerca de R$ 1 bilhão em dívidas financeiras, incluindo R$ 420 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), além de débitos com bancos como Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Citi. A empresa também busca obter waiver dos detentores dos CRAs para evitar inadimplência nesses títulos.
Impactos e contexto do agronegócio
A reestruturação ocorre em um momento de forte pressão financeira no setor agropecuário brasileiro. O agronegócio enfrenta alta inadimplência, queda nos preços das commodities e restrição de crédito, fatores que levaram a um aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial em 2024 e 2025. Empresas concorrentes, como Agrogalaxy e Portal Agro, também recorreram à recuperação judicial recentemente.
A Lavoro, apoiada pelo Pátria Investimentos, já adotou medidas de ajuste operacional, reduzindo 30% de suas lojas e sinalizando possíveis novos cortes para alinhar tamanho e eficiência ao plano de reestruturação. No segundo trimestre fiscal de 2025, a receita da companhia caiu 27% em relação ao mesmo período do ano anterior, impactada pela escassez de estoque e cancelamento de reservas, o que também afetou a receita de defensivos agrícolas. O lucro bruto consolidado recuou 28% na mesma base de comparação.
Segundo o CEO Ruy Cunha, a recuperação extrajudicial foi escolhida por ser o instrumento que traz mais segurança para todas as partes envolvidas. Além de garantir a continuidade das operações e mitigar os efeitos da escassez de produtos no mercado. A expectativa é que o acordo permita à Lavoro atravessar o período de turbulência financeira, mantendo o abastecimento do setor. E assim, evitar impactos mais severos na cadeia produtiva do agronegócio.
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