Com raízes cravadas na Serra da Mantiqueira e alma voltada à preservação da natureza, o Café Orgânico Lobo do Serrote levou ao São Paulo Coffee Festival 2025 uma experiência que vai além da xícara. A marca de Socorro-SP, gerida pela produtora Luciana Capobianco e seu marido, aposta em cafés fermentados, realidade virtual e narrativas envolventes que conectam agricultura regenerativa, fauna silvestre e inclusão social.
Durante o festival, realizado entre 27 e 29 de junho na Bienal do Parque Ibirapuera, o público conheceu os três microlotes da marca — todos cultivados com colheita manual seletiva, certificação orgânica e pontuações superiores a 86 pontos na escala da SCA (Specialty Coffee Association). O Arara 3 Fermentação Natural, com 88,5 pontos, apresenta notas sensoriais de ameixa preta, calda de fruta e licor. O Catiguá MG2 (86 pontos) combina melaço, praliné e avelã. Já o Catiguá 3 Fermentado (87,5 pontos) traz aromas de frutas brancas, rapadura e cardamomo.
Meio ambiente, café e inclusão em um mesmo propósito
“O Lobo do Serrote nasceu com a proposta de proteger o meio ambiente e valorizar o café orgânico de altitude”, explica Luciana Capobianco. A fazenda mantém viveiros de espécies nativas da Mata Atlântica e áreas de reflorestamento para revitalização ecológica. Além disso, abriga açudes para garantir água à fauna silvestre, especialmente aos lobos-guará — espécie ameaçada de extinção que inspira o nome da marca.

Mais do que uma homenagem estética, a relação da fazenda com o lobo-guará é prática: o local é reconhecido como área de soltura de animais reabilitados por ONGs especializadas. “Recentemente, soltamos o Urbano, que vive em liberdade por ali. Em breve, vamos acolher uma lobinha que ficará um ano conosco até estar pronta para voltar à natureza”, conta a produtora.
Outro diferencial está na dimensão social do projeto. A equipe da fazenda inclui refugiados venezuelanos, acolhidos em programas de reinserção produtiva. Um deles lidera a produção do café fermentado apresentado no evento. “Além do cuidado com a floresta, nos preocupamos com as pessoas. Geramos emprego e formação para quem precisa recomeçar”, afirma Luciana.
Para reforçar a imersão do público, o estande da marca trouxe um óculos de realidade virtual que permite uma visita 360º à propriedade. “A ideia é mostrar de perto tudo o que construímos: o manejo orgânico, a flora, os açudes e o nosso compromisso com o futuro”, conclui.
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