O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) participou da 13ª Reunião do Coletivo do Pirarucu, realizada de 21 a 23 de maio na Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, em Manaus (AM). O encontro reuniu 81 participantes, entre pescadores indígenas, ribeirinhos, representantes de instituições públicas e organizações não governamentais, com o objetivo de fortalecer o manejo sustentável do pirarucu (Arapaima gigas) na região amazônica.
Recentemente, o Ibama instituiu o Programa Arapaima (Portaria nº 22/2025) para incentivar práticas comunitárias que protegem os ambientes aquáticos naturais do pirarucu. O programa também fomenta a organização coletiva dos pescadores envolvidos no manejo e apoia a geração de benefícios socioeconômicos para as comunidades que conservam os ecossistemas de várzea amazônica.
O Programa Arapaima prevê a elaboração de um plano de ação para aprimorar e fortalecer as etapas do manejo sustentável da espécie. As comunidades locais vão desenvolver o planejamento em parceria com a Superintendência do Ibama no Amazonas.
Expansão e institucionalização do manejo sustentável
Cristina Buck, coordenadora do Uso Sustentável da Fauna e da Biodiversidade Aquática do Ibama, destaca que o manejo do pirarucu começou no trecho médio do rio Solimões e hoje ocorre em 32 áreas, incluindo Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Áreas de Acordo de Pesca. Essa prática é conduzida por comunidades ribeirinhas e povos tradicionais.
“A criação do Programa Arapaima representa uma nova etapa para valorizar esse trabalho, integrando-o melhor dentro do Ibama com metas e objetivos claros”, afirma Cristina. Ela ressalta que a institucionalização do programa permitirá garantir maior orçamento e estabelecer parcerias com universidades e institutos de pesquisa, fortalecendo a estratégia comunitária de conservação da Amazônia.
Pesca responsável garante sustentabilidade do pirarucu
A pesca do pirarucu manejado segue critérios técnicos rigorosos. Apenas 30% dos indivíduos adultos contados podem ser capturados. E 70% permanecem preservados para garantir a manutenção e o aumento dos estoques ao longo do tempo. Além disso, as comunidades realizam vigilância constante dos locais de pesca para proteger os ambientes aquáticos onde os peixes se reproduzem, assegurando a sustentabilidade do recurso.
Walmir Nogueira, agente ambiental do Ibama que acompanha o manejo desde o início, destaca a importância social do trabalho. “Essa ação promove a união das comunidades, valorizando o esforço coletivo”, afirma. Ele explica que onde há manejo e unidade de conservação, o território se mantém preservado, pois a comunidade assume a responsabilidade pela proteção ambiental.
“Proteger o pirarucu significa cuidar de toda a biodiversidade local, incluindo recursos naturais, espécies aquáticas e elementos terrestres”, complementa Walmir.
A conservação do pirarucu gera resultados concretos, pois os recursos naturais não só se mantêm, mas também se fortalecem e se desenvolvem. Cristina Buck ressalta que esse sucesso depende da participação ativa das comunidades locais. Elas desempenham papel fundamental na proteção e no cuidado com o meio ambiente.
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