A inovação tecnológica, impulsionada pela inteligência artificial e processos estruturados, está revolucionando o melhoramento genético no setor agrícola. Com o potencial de dobrar os ganhos em produtividade e reduzir em mais de 30% o tempo necessário para o desenvolvimento de novas cultivares, o futuro da agricultura se torna mais eficiente e adaptável.
Ferramentas modernas, como a inteligência artificial aplicada à análise preditiva de big data, complementam os métodos tradicionais. E possibilitam o lançamento mais rápido de cultivares adaptadas, produtivas e alinhadas às demandas crescentes do campo.
Ciclo de desenvolvimento reduzido
Segundo Anderson Meda, Head de Pesquisa da TMG (Tropical Melhoramento & Genética), empresa brasileira de soluções genéticas para algodão, soja e milho, a integração de ferramentas avançadas e metodologias inovadoras reduziu significativamente o tempo de desenvolvimento de uma nova cultivar de soja.
“Antes da introdução dessas tecnologias, o ciclo completo de desenvolvimento de uma nova cultivar de soja, por exemplo, levava no mínimo oito anos. Atualmente, com a integração de ferramentas avançadas e metodologias inovadoras, esse tempo foi reduzido significativamente, representando um avanço significativo para o setor”, afirma Meda.
Etapas rigorosas e bem definidas
O desenvolvimento de cultivares segue etapas rigorosas e bem definidas. Nos dois primeiros anos, os pesquisadores realizam cruzamentos e introgressões de traits, combinando características que oferecem vantagens competitivas, como resistência a pragas e tolerância a herbicidas, com atributos essenciais para o mercado, como produtividade, resistência a doenças e qualidade de grão. Essa etapa gera milhões de plantas, que formam a base genética para as futuras linhagens.
Nos anos seguintes, o foco se volta para testes avançados, com milhares de plantas sendo avaliadas em quesitos como o desempenho agronômico em diferentes condições de cultivo. No quinto ou sexto ano, as cultivares estão prontas para direcionamento ao portfólio de novos produtos.
Infraestrutura de ponta e inovação
Para assegurar agilidade e eficiência, a TMG investe em infraestrutura de ponta e tecnologias inovadoras, como 35 casas de vegetação, totalizando 12 mil m², onde mais de 1 milhão de plantas são conduzidas anualmente. A abordagem “Breeding by Design” é um dos pilares dessa evolução, permitindo projetar características específicas nas cultivares desde as fases iniciais do processo. Essa metodologia utiliza dados genéticos, climáticos e de solo, integrados com ferramentas analíticas avançadas, para direcionar decisões com alta precisão. Análises realizadas com drones em parcelas experimentais complementam o processo, fornecendo insights detalhados sobre como as plantas respondem a diferentes estímulos ambientais.
A experimentação em campo, realizada em mais de 100 ambientes de seleção distribuídos pelo Brasil, também é fundamental. Ela assegura que as cultivares atendam às condições específicas de cada região produtora.
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