O mercado internacional de cacau permanece sob forte volatilidade em 2025. Os preços da commodity atingiram patamares historicamente altos devido à quebra de safra nos principais países produtores da África Ocidental, região responsável por quase 70% da produção mundial. A escassez de oferta e as incertezas climáticas têm elevado o risco de um novo déficit no balanço global. E podem configurar o quarto ano consecutivo de saldo negativo.
A safra 2024/25 na Costa do Marfim e em Gana, líderes globais na produção de cacau, foi impactada por condições climáticas adversas, resultando na menor oferta dos últimos oito anos. Estimativas apontam que a produção marfinense deve ficar entre 1,75 e 1,80 milhão de toneladas, patamar semelhante ao ciclo anterior e bem abaixo dos recordes históricos. O clima seco e as chuvas insuficientes limitaram o desenvolvimento das lavouras, frustrando expectativas de recuperação para a safra intermediária de 2025.
Com a oferta restrita, os preços futuros do cacau dispararam. Ele chegou a superar US$ 11 mil por tonelada em 2024 e permanecendo acima de US$ 8 mil em 2025, um aumento de 180% em dois anos. Apesar de uma leve queda recente, as cotações seguem significativamente acima da média histórica, pressionando a indústria global de chocolates e derivados.
Novos players ganham espaço, mas não compensam queda africana
A alta nos preços tem estimulado o crescimento da produção em países como Equador, Indonésia e Nigéria, que apresentam exportações mais robustas em 2025. No entanto, o avanço desses mercados ainda não é suficiente para suprir a lacuna deixada pela queda africana, mantendo o cenário global de oferta apertada.
Outro fator de instabilidade é o ritmo mais lento das vendas antecipadas da safra 2025/26 por parte das entidades estatais de comercialização da Costa do Marfim e Gana, fundamentais para a definição de preços ao produtor e para sinalizar expectativas de produção. O atraso nas negociações reforça a percepção de risco sobre a próxima colheita.
Apesar de alguns indicadores climáticos apontarem chuvas próximas à normalidade para o início da nova safra, analistas recomendam cautela. Caso o clima favorável se mantenha e os preços elevados incentivem investimentos em manejo, há potencial para recuperação. Mas ainda é cedo para prever uma reversão do quadro atual.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Embrapa lança fertilizante sustentável para uso em vasos
+ Agro em Campo: Irrigação se destaca no inverno como estratégia essencial