Um estudo inovador desenvolvido pelo biólogo Pedro Lopes Bezerra, mestrando do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Pesca (IP-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, promete otimizar a produção de tilápias no Brasil. A pesquisa avalia o uso de coberturas plásticas em tanques e a integração da lentilha-d’água (Lemna punctata) como complemento alimentar, visando aumentar a produtividade e a sustentabilidade na aquicultura.
O projeto, intitulado “Avaliação da cobertura plástica no crescimento de tilápia e produtividade de lemna em sistema de recirculação de água”, utiliza Sistemas de Recirculação de Água (RAS). Nesses sistemas, nove tanques circulares de 500 litros e um decantador de 16 m³ simulam condições controladas para testar três tipos de alimentação: ração tradicional, mistura de ração com lemna seca e combinação de ração com lemna fresca. O objetivo é reduzir a dependência de ração industrial sem comprometer o crescimento dos peixes, além de investigar como a planta aquática ajuda a manter a qualidade da água.
A lentilha-d’água, além de servir como suplemento nutricional rico em proteínas, atua na filtragem de resíduos, reduzindo a necessidade de trocas frequentes de água. Já as coberturas plásticas podem melhorar o controle térmico dos tanques, favorecendo o metabolismo das tilápias. “Essa abordagem pode tornar a produção mais eficiente e ecologicamente viável. Alinhando-se às demandas por práticas sustentáveis”, explica Pedro, que destaca a parceria com a Unicamp como crucial para o avanço da pesquisa.
Impacto na carreira e na aquicultura nacional
Para o mestrando, a experiência no IP tem sido transformadora. “O contato com profissionais experientes e a estrutura do Instituto ampliam não apenas nosso conhecimento. Mas também nossa capacidade de contribuir com inovações para o setor”. Vander Bruno dos Santos, pesquisador e orientador do estudo, reforça a relevância do trabalho. “Os resultados trarão insights valiosos sobre como técnicas acessíveis podem elevar a produtividade e a sustentabilidade aquícola. Especialmente em pequenas e médias propriedades”.
Com conclusão prevista para 2024, a pesquisa pode se tornar referência para produtores que buscam reduzir custos com ração e melhorar a gestão hídrica. O Brasil, hoje um dos maiores produtores mundiais de tilápia, tem na aquicultura um setor estratégico para segurança alimentar e economia. E iniciativas como essa reforçam o potencial do país em aliar ciência e produção sustentável.
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