A colheita da nova safra de algodão avança a passos largos e já começa a pesar no bolso dos produtores. Com a entrada de volumes expressivos no mercado, os preços vêm registrando quedas consecutivas nas últimas semanas. Segundo estimativa da Conab, a produção brasileira deve alcançar 3,938 milhões de toneladas neste ciclo, um crescimento de 6,4% em relação à safra anterior, suficiente para pressionar a curva de preços no mercado físico.
Essa entrada volumosa nas regiões produtoras, especialmente no Centro-Oeste, amplia rapidamente a oferta interna, enquanto a demanda doméstica caminha em ritmo mais lento. O resultado é um desequilíbrio que torna difícil segurar as cotações. Para boa parte dos analistas, o cenário de curto prazo ainda é de baixa.
Ao mesmo tempo, muitos produtores têm priorizado a entrega de contratos a termo já firmados, o que até ajuda a girar a liquidez, mas não impede o enfraquecimento dos preços nas negociações no mercado spot.
Sinais mistos do mercado internacional
Do lado de fora, o cenário é um pouco mais animador. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) elevou as projeções de exportação do algodão americano, e isso tem ajudado a puxar uma reação tímida nos preços internacionais.
Mesmo assim, a produção global prevista para 2025/26 encolheu 1,2%, totalizando 25,783 milhões de toneladas, uma queda que até poderia dar algum fôlego para os preços por aqui, mas que, na prática, ainda tem pouco efeito diante do peso da safra brasileira.
A depender do ritmo das exportações brasileiras nas próximas semanas, pode haver algum alívio para os preços. Mas, por ora, a combinação entre alta oferta, logística cara e demanda tímida continua ditando o rumo do mercado. E esse rumo, por enquanto, aponta para baixo.
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