O preço do arroz segue firme na subida no Rio Grande do Sul e já soma três semanas seguidas de alta. Só em julho, o valor acumulado subiu 2,2%, segundo o Cepea. O motivo? A boa e velha equação do mercado: muita procura e pouca oferta no chamado mercado spot, aquele das negociações imediatas.
Diante desse cenário, muitos vendedores resolveram segurar o produto. A lógica é simples: se a tendência é de alta, vale a pena esperar mais um pouco pra vender melhor. Só que isso deixou o mercado mais travado, com pouca liquidez. Resultado? As indústrias tiveram que abrir o bolso e pagar mais caro pra garantir o arroz que precisam.
Do outro lado da mesa, os compradores já sacaram que os preços dos insumos podem subir e decidiram antecipar os estoques. A ideia é fugir de aumentos futuros e evitar sustos no caixa. Em tempos de incerteza, quem se antecipa, dorme mais tranquilo.
Apesar da alta, 2024 ainda é de perdas no acumulado
Mas, apesar desse fôlego no curto prazo, 2024 ainda carrega um gosto amargo para os produtores. No acumulado do ano, o arroz já perdeu mais de 30% do valor. Isso porque, no primeiro semestre, a oferta foi generosa e as negociações, nem tanto. Só em junho, os preços recuaram 6% — e isso em apenas quatro semanas. Ou seja, o setor ainda pisa num chão escorregadio.
E os desafios não param por aí. Produtores estão de olho nos custos, que continuam altos. Mesmo com essa leve recuperação nos preços, a conta ainda não fecha com folga. E tem mais: as novas barreiras comerciais dos EUA acenderam um alerta vermelho. Se o dólar disparar, fertilizantes e defensivos devem ficar ainda mais caros — um problema a mais pra quem já tá no limite.
Mesmo assim, há um fiapo de esperança no horizonte. A Conab prevê uma produção de 12,32 milhões de toneladas nesta safra, um salto de 16,5% na comparação com o ciclo anterior. Lá fora, o USDA fez um pequeno ajuste e reduziu sua previsão global pra 2025/26. A expectativa agora é de 541,27 milhões de toneladas, queda de 0,1%.
No fim das contas, o arroz brasileiro ainda caminha num campo complexo, com vento favorável, mas tempestades no radar. E, como dizem os mais antigos, safra boa mesmo é aquela que fecha no azul.
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