Setores do agronegócio brasileiro se reuniram com ministros em Brasília nesta terça-feira (15) para discutir as novas tarifas dos EUA. O governo americano decidiu aplicar 50% de taxa sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Ou seja, a medida ameaça exportações de frutas, carnes e café, pilares do agronegócio nacional.
Durante a reunião, o setor demonstrou apoio à negociação conduzida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Também participaram o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e representantes da indústria e da pesca.
Carne vermelha
O presidente da Abiec, Roberto Perosa, alertou sobre prejuízos na exportação de carne bovina. Segundo ele, a nova tarifa inviabiliza os embarques para os Estados Unidos. Diversos frigoríficos já suspenderam a produção para o mercado americano. Mesmo assim, cerca de 30 mil toneladas estão em trânsito ou nos portos brasileiros. “A exportação já sofre 36% de imposto. Com 50%, ficará insustentável”, afirmou Perosa. Portanto, ele pediu que o início da cobrança seja adiado ou cancelado, citando contratos em andamento.
Frutas
O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, relatou pânico entre os produtores de manga. A produção foi planejada há seis meses, com 2,5 mil contêineres já contratados para os EUA. Coelho destacou a rápida atuação do vice-presidente Alckmin e do ministro Fávaro. “Não dá para redirecionar essa manga para a Europa agora”, disse o dirigente. Segundo ele, o mercado interno não suporta o volume e pode colapsar. “Precisamos de consenso. Não dá para deixar a fruta no pé”, afirmou Coelho.
Laranja e café
Setores da laranja e do café também manifestaram preocupação com as tarifas. O presidente da CitrusBR, Ibiapaba Netto, destacou a dependência do mercado americano. Os EUA compram 70% do suco de laranja brasileiro exportado, segundo ele. “Temos tempo para negociar. Precisamos de pragmatismo e diálogo”, afirmou Netto.
O setor cafeeiro também alertou sobre perdas com o tarifaço. O presidente do Cecafé, Marcio Ferreira, disse que 33% do café consumido nos EUA vem do Brasil. “O consumidor americano valoriza o sabor do nosso café”, afirmou Ferreira. Ele agradeceu ao governo pelos esforços na abertura de novos mercados. Ferreira destacou o impacto positivo do café brasileiro na economia dos EUA.“Cada dólar exportado gera 43 dólares na indústria americana”, concluiu.
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