Resumo da notícia
- As Bahamas atraíram mais de 11 milhões de turistas em 2024, destacando-se pelo compromisso ambiental com metas de reduzir emissões em 30% até 2030 e ampliar o uso de fontes renováveis e veículos elétricos.
- O arquipélago investe na conservação marinha com projetos como Mangrove Mania, Coral Vita e Bonefish & Tarpon Trust, restaurando manguezais, cultivando corais resistentes e criando parques marinhos protegidos.
- O turismo sustentável é incentivado por hotéis que adotam energia solar, materiais locais e práticas ecológicas, como o Tiamo Resort e novos empreendimentos como Six Senses Grand Bahama e Montage Cay.
- Para enfrentar desastres climáticos, o governo criou a Autoridade de Gestão de Riscos de Desastres, reforçando infraestrutura e promovendo treinamentos após os danos do furacão Dorian, fortalecendo a resiliência comunitária.
O arquipélago das Bahamas, formado por mais de 700 ilhas e ilhotas, destaca-se pelo compromisso ambiental e turismo sustentável. Conhecido mundialmente pelas águas azul-turquesa e rica biodiversidade marinha, o país tem adotado medidas fortes para proteger o meio ambiente e garantir um futuro mais verde.
Em 2024, o turismo nas Bahamas atraiu mais de 11 milhões de visitantes, que encontraram não só praias paradisíacas, mas também uma gestão ambiental eficiente. O governo local se comprometeu a reduzir as emissões de gases poluentes em 30% até 2030. Além disso, pretende formar 30% da matriz energética com fontes renováveis e ampliar a frota de veículos elétricos e híbridos.
A transição para energia solar avança especialmente nas Out Islands, onde algumas comunidades já são energeticamente autossuficientes. O país também lidera a criação de Créditos de Carbono Azul, utilizando a capacidade das pradarias submarinas para capturar carbono.
Proteção dos ecossistemas marinhos
As Bahamas investem pesado na conservação dos ecossistemas marinhos. O programa Mangrove Mania, promovido pela Waterkeepers Bahamas, envolve moradores na restauração de manguezais destruídos pelo furacão Dorian em 2019. O Coral Vita, em Grand Bahama, cultiva corais nativos com técnicas que aceleram seu crescimento e aumentam a resistência ao aquecimento dos oceanos. Outra iniciativa relevante é a organização Bonefish & Tarpon Trust, que protege habitats de espécies importantes e ajudou a criar cinco parques marinhos.
- Carne atinge Agricultura brasileira: os 5 defensivos agrícolas mais vendidos
- Conheça a galinha mais cara do mundo
O Atlantis Blue Project Foundation atua em educação ambiental e criação de áreas protegidas. Já preservou mais de um milhão de acres marinhos, fortalecendo a biodiversidade local.
Turismo que cuida e preserva
As redes hoteleiras locais adotam práticas sustentáveis. O Tiamo Resort, em Andros, utiliza energia solar, coleta de água da chuva e constrói com madeira local, garantindo ventilação natural. Em Eleuthera, o glamping The Other Side oferece tendas à beira-mar feitas com materiais naturais e equipadas com painéis solares.

Novos empreendimentos, como o Six Senses Grand Bahama e o Montage Cay, seguem essa linha ecológica. O último será o primeiro resort privativo da rede com SPA construído com materiais sustentáveis.
Preparação contra desastres climáticos
As Bahamas enfrentam riscos climáticos crescentes, com furacões intensos e elevação do nível do mar, frutos da mudança climática. O furacão Dorian causou grandes danos em Abaco e Grand Bahama, com perdas que chegaram a US$ 3,4 bilhões.
Em resposta, o governo criou a Autoridade de Gestão de Riscos de Desastres (DRM Authority), que coordena treinamentos, simulações e políticas de resiliência comunitária. A reconstrução das ilhas foi lenta e ainda teve o desafio da pandemia, mas hoje a região reforça a infraestrutura para eventos extremos.
Além disso, o setor de cruzeiros passou por melhorias. O Porto de Nassau recebeu investimentos de US$ 300 milhões focados em sustentabilidade e inclusão. Em Bimini, o Ocean Cay MSC Marine Reserve mantém o MSC Conservation Center, que cultiva corais resistentes ao calor. O programa Super Coral já produziu quase 300 fragmentos que sobreviveram a ondas de calor em 2023.
Agronegócio cresce
O setor agrícola das Bahamas vive seu momento mais vibrante em mais de 30 anos. Com um crescimento de 26,3% sob a atual administração, o arquipélago está em uma missão ousada: reduzir sua pesada dependência de importações de alimentos, que custam aos cofres públicos mais de US$ 1 bilhão anualmente.
O impulso vem de investimentos maciços em tecnologia, como fazendas hidropônicas, e programas robustos de incentivo aos produtores locais. O objetivo central é fortalecer a segurança alimentar do país e construir uma economia mais resiliente e autossuficiente.
A aposta na agricultura moderna é uma das frentes mais estratégicas. O governo fechou acordos para a construção de cinco fazendas hidropônicas de grande escala. As unidades ficarão em Nova Providência, Grand Bahama, Abaco, Andros e Cat Island.
Essa técnica de cultivo sem solo, que usa até 90% menos água, permite produzir hortaliças saudáveis o ano todo. A iniciativa é crucial para abastecer até as ilhas mais remotas do arquipélago e combater a inflação nos preços dos alimentos.
Programas fortalecem produção de proteínas
Para cortar as importações de carne e ovos, o Ministério da Agricultura lançou mão de projetos ambiciosos. O National Layer and Piggery Programme já distribuiu mais de 10.000 pintinhos e 3.000 galinhas adultas para avicultores locais.
Já o Golden Yolk Project, um investimento de US$ 9 milhões, expande a capacidade de produção e processamento de ovos. A meta é aumentar a oferta de proteína animal produzida dentro do país.
Reconhecimento e investimento recorde no agricultor
O governo não poupou esforços para valorizar quem está no campo. O orçamento geral da agricultura saltou de US$ 25 milhões para US$ 35 milhões. O apoio financeiro direto aos agricultores teve um aumento histórico de 200%.
Anualmente, os Prêmios Agrários reconhecem os melhores produtores. A edição de 2025, com o tema “Planting with Heart and Soil”, distribuirá mais de US$ 50.000 em prêmios em dinheiro em categorias como Agricultor do Ano e Jovem Agricultor.
A educação é peça-chave para o crescimento sustentável. O Bahamas Agriculture and Marine Science Institute (BAMSI) tem 302 alunos matriculados e firmou parcerias com universidades de ponta como Stanford e Prairie View A&M.
A cooperação internacional também avança. Recentemente, a Embaixada da China patrocinou a ida de 15 especialistas bahamenses para duas semanas de treinamento agrícola no país asiático.
Foco no futuro: sustentabilidade e resiliência
O próximo passo é realizar o Censo Agrícola Nacional, em parceria com o IICA. Os dados vão guiar políticas públicas precisas para o setor.
O foco simultâneo está na agricultura regenerativa e inteligente para o clima. A meta é aumentar a produtividade enquanto se prepara para os desafios das mudanças climáticas, uma realidade urgente para um arquipélago localizado no coração do Caribe.
As Bahamas provam que turismo, natureza, agro e inovação podem coexistir. Com metas claras, ações concretas e engajamento local, o país se consolida como um exemplo global de turismo sustentável.