Os Estados Unidos preparam novas tarifas sobre produtos agrícolas brasileiros para o início do mês. A medida vai além das tradicionais exportações de laranja e café. Agora, frutas frescas como manga e uva também enfrentam a ameaça do “tarifaço” americano.
O setor frutícola brasileiro acende o sinal de alerta. Produtores temem impactos diretos já no segundo semestre de 2025, período crucial para as exportações dessas culturas.
A manga deve sentir os efeitos mais rapidamente. As exportações para o mercado norte-americano começam em agosto. O timing preocupa produtores que planejavam uma safra otimista, baseada na valorização cambial e na recuperação dos polos frutíferos nordestinos.
A região Nordeste concentra a produção de manga destinada ao exterior. Os produtores locais contavam com o cenário favorável para expandir negócios com os EUA.
Uva brasileira perde competitividade
A uva de mesa brasileira também entra na zona de risco. A colheita para exportação inicia na segunda quinzena de setembro, especialmente no Vale do São Francisco.
O produto brasileiro ganhou espaço no mercado americano nos últimos anos. A qualidade e variedade das uvas nacionais conquistaram consumidores dos EUA. Porém, as novas tarifas podem beneficiar concorrentes de outros países.
Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, vê oportunidade na crise. “É hora de diversificar e construir novos parceiros comerciais”, afirma o executivo. “Essa tarifa não é o fim da lavoura, mas o sinal para defender nossa produção com estratégia.”
O setor se mobiliza para encontrar saídas viáveis. Antes das ameaças tarifárias, produtores projetavam crescimento nas exportações de frutas frescas para os EUA.
União Europeia como alternativa principal
Especialistas apontam dois caminhos para os produtores brasileiros. O primeiro envolve a diversificação de mercados internacionais. O segundo foca no fortalecimento do mercado interno.
A União Europeia surge como destino natural. O bloco europeu já conhece os protocolos fitossanitários brasileiros. Reino Unido, Emirados Árabes, Canadá e países asiáticos também ampliam o consumo de frutas tropicais.
O mercado doméstico pode absorver volumes maiores de frutas. Porém, essa estratégia pressiona os preços ao produtor. A situação exige atenção redobrada à logística, qualidade e negociação com grandes redes varejistas.
Produtores precisam se preparar para margens menores no mercado interno. A competição com frutas importadas também pode intensificar.
Governo articula medidas de apoio
Entidades do setor produtivo buscam apoio do governo federal. As propostas incluem crédito emergencial, estímulo à abertura de novos mercados e atuação diplomática.
O objetivo é reverter ou minimizar os efeitos das tarifas americanas. A organização da cadeia produtiva torna-se fundamental para manter a competitividade brasileira.
“Estamos comprometidos em levar tecnologia e inovação para o campo”, destaca Leonardo Sodré. O executivo defende investimentos em pesquisa e desenvolvimento como caminho para uma agricultura sustentável.
A combinação de tecnologia com conhecimento do produtor pode fortalecer o setor. A estratégia visa manter a relevância do Brasil no mercado global de frutas frescas, mesmo diante das adversidades comerciais.
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