Em três dias de feira, entre cafés filtrados e rodadas de negócios, os empresários brasileiros do setor de cafés especiais faturaram US$ 19,7 milhões durante a World of Coffee 2025, realizada entre os dias 26 e 28 de junho, em Genebra, na Suíça. E o movimento não para por aí. A delegação nacional estima que outros US$ 87,4 milhões sejam fechados nos próximos doze meses, o que pode elevar o total para US$ 107,2 milhões.
A feira, organizada pela Specialty Coffee Association (SCA), é tida como a grande vitrine dos cafés especiais na Europa. Já a participação brasileira fez parte do projeto “Brazil. The Coffee Nation”, uma ação da BSCA com apoio da ApexBrasil, que busca, com muito foco e estratégia, abrir caminhos para o café nacional brilhar lá fora.
“A Europa é o principal destino dos nossos cafés especiais”, afirmou Vinicius Estrela, diretor executivo da BSCA. “A feira ajuda a reforçar nossa imagem de qualidade e diversidade”.
Crescimento nas conexões e degustações sensoriais
Ao longo da feira, os representantes brasileiros firmaram 921 contatos comerciais, 561 deles com novos compradores. Em relação à edição passada, em Copenhague, o avanço foi de 18%, o que reforça o crescimento do interesse europeu pelos cafés nacionais.
No centro do estande coletivo, um brew bar reuniu sabores de diferentes regiões produtoras do país. Todos os cafés ali servidos tinham nota superior a 86 pontos, em escala de 100. Castanha-do-pará, rapadura e frutas brasileiras entraram em cena para criar uma jornada sensorial única, conduzida pela especialista Letícia Paiva.
“Estamos mostrando para o consumidor europeu novas origens, cultivares e métodos de processamento do nosso café”, destacou Estrela. “Cada região tem sua alma”.
Mulheres à frente na produção e na exportação
Antes mesmo de a feira começar, a programação já incluía uma missão comercial exclusiva para produtoras de café. A iniciativa, promovida pela BSCA em parceria com a IWCA (Aliança Internacional das Mulheres do Café), levou um grupo de brasileiras para visitar cafeterias e torrefações em Genebra — e entender, de perto, o comportamento do consumidor suíço.
Estabelecimentos como Mame, Horace, Filomena e The Barista Lab fizeram parte do circuito. Nesses espaços, as cafeicultoras conversaram com donos e baristas sobre marketing, certificações e preferências locais. A agenda também incluiu um encontro institucional na sede da OMC, onde elas debateram os desafios do setor cafeeiro no cenário global, especialmente sob a ótica da equidade de gênero.
A missão se encerrou com um cupping especial no estande brasileiro, voltado apenas aos cafés produzidos por mulheres. As amostras, todas certificadas pela BSCA, foram apresentadas a compradores internacionais. Entre os convidados, Anita Aerni, presidente da Swiss Sustainable Coffee Platform, marcou presença e conduziu um bate-papo sobre sustentabilidade com as cafeicultoras.
Brasil quer se firmar como potência em cafés sustentáveis
O projeto “Brazil. The Coffee Nation” segue até agosto de 2025. Além de ações de promoção comercial, a iniciativa foca na capacitação de produtores, na inclusão de mulheres e na valorização da diversidade sensorial dos grãos.
Nos próximos meses, o plano é ampliar o apoio aos produtores de café canéfora — robusta e conilon — e estimular práticas de rastreabilidade, sustentabilidade e certificações. Sendo assim, a lista de mercados-alvo inclui Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, França, China, África do Sul e Austrália, entre outros.
Para os produtos da indústria de torrefação e moagem, os destinos prioritários são Canadá, Chile, China e Estados Unidos. O objetivo é claro: expandir a presença brasileira entre os maiores consumidores de cafés especiais no mundo, com foco em qualidade, diversidade e responsabilidade social.
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