Resumo da notícia
- Pescadores em Mato Grosso do Sul registraram uma sucuri-verde capturando um jacaré-de-papo-amarelo no Rio Ivinhema, um evento raro que durou cerca de três dias e mostra a força e paciência da cobra na caça por constrição.
- A sucuri-verde pode chegar a 9 metros e pesar mais de 200 kg, é semi-aquática e mata suas presas por asfixia, com dieta variada que inclui capivaras, aves e jacarés, mas não representa risco significativo para humanos.
- O jacaré-de-papo-amarelo, predador médio do Brasil, pode atingir até 2,5 metros e é vítima ocasional de predadores maiores; está classificado como "Pouco Preocupante", mas sofre com perda de habitat e caça ilegal.
- O vídeo, divulgado inicialmente no início do ano e viralizado recentemente, chamou atenção de especialistas e destaca a complexidade e riqueza da biodiversidade nos ecossistemas aquáticos brasileiros.
Pescadores que navegavam pelo Rio Ivinhema, em Mato Grosso do Sul, registraram um momento raro e impressionante da natureza: uma sucuri-verde (Eunectes murinus) predando um jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris). As imagens, que voltaram a circular nas redes sociais esta semana, mostram a cobra completamente enrolada em sua presa, em uma demonstração da força e da paciência características da espécie.
No vídeo, é possível observar a sucuri mantendo o jacaré firmemente preso em seus anéis musculosos, aguardando que o réptil sucumba por asfixia. Segundo o autor das imagens, o embate entre os dois animais teria durado aproximadamente três dias, evidenciando a resistência de ambas as espécies e a estratégia de caça da sucuri.
Embora o registro tenha sido divulgado inicialmente no início do ano, o material ganhou nova repercussão nas últimas semanas, chamando a atenção de especialistas em vida selvagem e curiosos sobre a fauna brasileira.
- Cafeicultura em Rondônia cresce 543% em produtividade
- Comunidades indígenas recebem ações sobre impactos dos agrotóxicos
Sucuri-verde: a gigante das águas brasileiras
A sucuri-verde é considerada uma das maiores e mais pesadas cobras do mundo. Ela pode atingir até 9 metros de comprimento e pesar mais de 200 quilos. Encontrada principalmente na Bacia Amazônica e no Pantanal, a espécie é conhecida por seu comportamento aquático e por sua técnica de caça por constrição.
Diferentemente das serpentes venenosas, a sucuri mata suas presas através da constrição, enrolando-se ao redor do animal e apertando gradualmente até que a vítima morra por asfixia ou parada cardíaca. A dieta da espécie é variada e inclui capivaras, veados, aves aquáticas e, como mostra o vídeo, jacarés de pequeno e médio porte.
A espécie é semi-aquática e passa grande parte do tempo submersa ou próxima a corpos d’água, onde encontra melhores condições de caça e termorregulação. Apesar de seu tamanho impressionante, a sucuri-verde não representa perigo significativo para humanos, sendo geralmente tímida e evitando o contato.
Jacaré-de-papo-amarelo: predador que virou presa
O jacaré-de-papo-amarelo é um crocodiliano de médio porte nativo do Brasil, encontrado principalmente em rios, lagoas e pântanos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A espécie pode chegar a 2,5 metros de comprimento e apresenta coloração amarelada característica na região da mandíbula e do pescoço, o que facilita sua identificação.
Apesar de ser um predador topo de cadeia em muitos ecossistemas, o jacaré-de-papo-amarelo pode se tornar presa de animais maiores, como grandes sucuris e onças-pintadas. A espécie está classificada como “Pouco Preocupante” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Mas enfrenta ameaças devido à perda de habitat e à caça ilegal.
Os jacarés desempenham papel ecológico fundamental no controle de populações de peixes e outros animais aquáticos, contribuindo, portanto, para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos brasileiros.
Encontro raro reforça riqueza da biodiversidade
O registro feito no Rio Ivinhema reforça a riqueza da biodiversidade de Mato Grosso do Sul. E também a importância da preservação dos ecossistemas aquáticos da região. Interações predatórias entre grandes répteis, embora naturais, raramente são documentadas, tornando o vídeo um importante registro científico e educacional.
Especialistas ressaltam que episódios como este demonstram a complexidade das relações ecológicas nos biomas brasileiros. E, além disso, a necessidade de políticas efetivas de conservação ambiental para garantir a sobrevivência dessas espécies emblemáticas da fauna nacional.