Quinze estabelecimentos brasileiros recebem habilitação chinesa para exportar coprodutos de etanol de milho e sorgo, consolidando parceria estratégica no setor de grãos e biocombustíveis
Foto: MAPA

O Brasil alcançou um marco importante nas exportações agrícolas ao receber autorização da China para que 15 estabelecimentos comercializem DDGs (grãos secos de destilaria) e sorgo ao mercado chinês. A habilitação contempla cinco plantas de etanol de milho para exportação de DDGs e dez unidades especializadas em sorgo, fortalecendo a posição brasileira no mercado global de grãos e biocombustíveis.

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A aprovação resulta da assinatura de acordos bilaterais entre Brasil e China: o Protocolo Fitossanitário do Sorgo, firmado em novembro de 2024, e o Protocolo de Proteínas e Grãos Derivados da Indústria do Etanol de Milho, assinado em maio de 2025. Ambos os documentos estabelecem os padrões sanitários necessários para o comércio entre os países.

Sorgo brasileiro ganha acesso ao maior importador mundial

O Centro-Oeste brasileiro, responsável por mais de 60% da produção nacional de sorgo, lidera as habilitações aprovadas. Das dez unidades autorizadas, quatro estão localizadas no Mato Grosso, quatro em Minas Gerais, uma em Rondônia e uma na Bahia.

Em 2024, conforme dados do IBGE, o Brasil produziu 4 milhões de toneladas de sorgo, exportando 178,4 mil toneladas (4% da produção total). A China representa mais de 80% das importações globais de sorgo, movimentando US$ 2,6 bilhões anualmente, segundo dados do mercado internacional.

DDGs: coproduto do etanol ganha mercado bilionário

Os DDGs, coprodutos gerados no processamento de milho para produção de etanol, representam uma oportunidade estratégica para o Brasil, terceiro maior produtor mundial de milho. Em 2024, o país exportou aproximadamente 791 mil toneladas desse insumo utilizado na fabricação de rações animais.

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As cinco unidades habilitadas para exportação de DDGs estão concentradas no Centro-Oeste: quatro no Mato Grosso e uma no Mato Grosso do Sul. No mesmo período, a China importou mais de US$ 66 milhões em DDGs do mercado global.

Parceria estratégica alcança US$ 49,6 bilhões

A China mantém sua posição como principal destino das exportações agropecuárias brasileiras. Em 2024, o gigante asiático importou US$ 49,6 bilhões em produtos do agronegócio nacional, consolidando uma parceria comercial estratégica entre os países.

As novas habilitações garantem maior previsibilidade aos contratos de exportação e abrem espaço para ampliação dos volumes nas próximas safras, beneficiando toda a cadeia produtiva de grãos e biocombustíveis.

Trabalho coordenado entre governo e setor privado

O resultado foi obtido através da articulação entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Adidância Agrícola e a Embaixada do Brasil em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e representantes do setor privado, em conformidade com as exigências técnicas estabelecidas pelas autoridades sanitárias chinesas.

Foto: Sandra Brito/Embrapa

Além do impacto econômico, a exportação de DDGs reforça a agenda de sustentabilidade do Brasil ao promover a economia circular. A valorização de coprodutos industriais do processamento de milho transforma resíduos em insumos de alto valor para a indústria global de alimentação animal, demonstrando o potencial do agronegócio brasileiro em aliar produtividade e práticas sustentáveis.