Resumo da notícia
- A China autorizou a importação de sorgo brasileiro, permitindo os primeiros embarques ainda este ano e oferecendo uma alternativa rápida à queda das exportações americanas para o mercado asiático.
- A decisão ocorre em meio a tensões comerciais entre China e EUA, que dominavam as vendas; tarifas americanas enfraqueceram essa relação e abriram espaço para o Brasil.
- Produtores americanos veem o Brasil como concorrente forte, alertando para impactos negativos após 15 anos de construção de confiança com o mercado chinês.
- A produção brasileira de sorgo cresce rapidamente, e a entrada no mercado chinês pode ampliar a demanda e posicionar o Brasil como player relevante no comércio internacional do cereal.
A China autorizou oficialmente a importação de sorgo brasileiro, segundo informou um representante do Ministério da Agricultura do Brasil. A medida deve permitir os primeiros embarques ainda este ano, oferecendo uma alternativa rápida à queda nas exportações americanas para o mercado asiático.
Essa decisão ocorre em meio a um cenário de tensão comercial entre China e Estados Unidos, principais players globais na produção e exportação de sorgo. Tradicionalmente, os EUA dominavam as vendas para a China, mas as tarifas comerciais impostas durante o governo de Donald Trump enfraqueceram essa relação.
Craig Meeker, agricultor do Kansas e ex-presidente do National Sorghum Producers (grupo dos produtores americanos), já declarou que vê a entrada do Brasil como um concorrente forte e preocupante. Ele ressaltou que os produtores dos EUA trabalharam 15 anos para estabelecer uma relação confiável com o mercado chinês, e que o impacto pode ser devastador para seu faturamento.
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A Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) comunicou formalmente ao Brasil a elegibilidade do sorgo brasileiro para exportação. Conforme declarou Eduardo Porto Magalhães, coordenador de inspeção fitossanitária do Ministério da Agricultura. A confirmação ocorre após uma missão chinesa visitar os produtores brasileiros em agosto, seguindo o anúncio de importação feito em novembro de 2024 durante a visita do presidente Xi Jinping a Brasília.
Próximos passos
Atualmente, o próximo passo é cadastrar as empresas exportadoras brasileiras interessadas em enviar sorgo à China. Magalhães prevê que os primeiros embarques poderiam ocorrer em até 60 dias.
Enquanto isso, os dados do Escritório do Censo dos Estados Unidos indicam uma queda de 97% nas exportações americanas de sorgo para a China até julho de 2025, totalizando apenas 82.323 toneladas métricas.

No Brasil, a produção de sorgo vem crescendo rapidamente, atingindo 4,4 milhões de toneladas na safra 2023/24, segundo a Conab. Ainda que as exportações brasileiras representem menos de 1% do mercado global, os produtores esperam que a entrada no mercado chinês amplie a demanda.
Pedro Ottoni, diretor da International Maize Alliance e produtor de sorgo, que recebeu a delegação chinesa, destacou que “a demanda por sorgo para exportação deve incentivar o aumento do plantio no Brasil, que vem ganhando protagonismo na produção mundial.”
Essa movimentação pode representar um marco no comércio internacional de sorgo. Impulsionando o Brasil como novo player relevante e desafiando o domínio dos Estados Unidos no setor.