Resumo da notícia
- Um ciclone extratropical intenso atingiu Sul e Sudeste entre 8 e 10 de dezembro, com chuvas de até 190 mm em 24h, ventos de 60 a 90 km/h e impactos na agricultura e logística.
- O Inmet emitiu alertas para tempestades, ventos fortes e granizo, prevendo danos a edificações, queda de energia, alagamentos e prejuízos nas plantações.
- Agricultores enfrentam prejuízos com excesso de água e estresse hídrico, atraso no plantio e perdas em culturas de verão, agravando a situação do setor agrícola nas regiões afetadas.
Um ciclone extratropical de forte intensidade atingiu as regiões Sul e Sudeste do Brasil entre os dias 8 e 10 de dezembro, trazendo chuvas volumosas, ventos intensos e transtornos generalizados. O sistema se organizou na madrugada de segunda para terça-feira (8 e 9/12), provocando impactos diretos nas atividades agrícolas e na logística do setor.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou acumulados de chuva entre 50 e 140 mm em estações do oeste do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, além do sul e interior de São Paulo e áreas de Mato Grosso do Sul. A estação de Canguçu (RS) registrou 190 mm em menos de 24 horas, volume considerado extremo para o período.
Ventos fortes e alertas meteorológicos
As rajadas de vento atingiram entre 60 e 90 km/h, causando quedas de árvores, interrupção no fornecimento de energia e danos estruturais. O ciclone alcançou pressão atmosférica abaixo de 1.000 hPa, condição que intensifica tempestades severas e favorece o desenvolvimento de nuvens carregadas.
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O Inmet emitiu avisos meteorológicos de tempestades, ventos costeiros e vendavais para toda a região afetada. Os avisos indicavam acumulados acima de 100 mm e ventos acima de 100 km/h, queda de granizo, grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos.
Impactos severos no setor agrícola
As atividades agrícolas sofreram prejuízos significativos durante o evento climático extremo. O sistema influenciou diretamente o tempo no Sul e Sudeste, com chuva volumosa, vento intenso e diversos transtornos à população e às atividades agrícolas.
Os produtores rurais enfrentam o dilema entre o excesso de água em algumas regiões e o déficit hídrico em outras. No Rio Grande do Sul, já são três semanas sem precipitações nas principais regiões produtoras, o que travou totalmente o plantio do milho. A semeadura permanece em 89% da área estimada, sem evolução.
O temporal atingiu lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento. Plantações em fase de floração e formação de espigas não conseguem reverter os danos mesmo com o retorno das chuvas. As áreas encharcadas impedem o acesso de máquinas e equipamentos, atrasando manejos essenciais.
Prejuízos nas principais culturas
As principais culturas de verão sentem os reflexos do fenômeno climático. Plantações no Sul e Centro-Oeste enfrentam granizo e excesso de água, atrasando safras e elevando preços de alimentos. Eventos semelhantes em 2024 geraram perdas de R$ 2 bilhões apenas no Rio Grande do Sul.
A Emater alerta que a onda de calor intensifica a evapotranspiração e reduz a umidade do solo, provocando estresse hídrico em lavouras de todas as fases. Nas áreas em estádio reprodutivo, que representam 60% do total, os produtores já observam perdas no potencial produtivo e na qualidade dos grãos.
Logística comprometida
O transporte de insumos e produtos agrícolas enfrenta sérias dificuldades. Rodovias e pontes interditadas impedem o escoamento da produção e a chegada de rações, embalagens e defensivos agrícolas às propriedades rurais.
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Em áreas do Sudeste, tempestades atingiram partes de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Campina Verde (MG), o volume chegou a 79,8 mm, acompanhado de rajadas intensas que provocaram alagamentos e quedas de árvores.
Previsão para os próximos dias
A partir da quinta-feira (12), o ciclone já se afastou da costa brasileira, mas seus efeitos ainda influenciam o tempo em diversas regiões. Na Região Sudeste, haverá uma variação espacial das chuvas ao longo da semana devido às instabilidades provocadas pelo deslocamento de um sistema sobre o oceano.
O Inmet prevê chuvas localmente significativas no Mato Grosso do Sul e em grande parte de Goiás, com acumulados acima de 40 mm, podendo atingir 100 mm em algumas localidades. No Mato Grosso, os acumulados ao longo da semana variam entre 10 mm e 40 mm.
Alerta para dezembro: déficit hídrico no Sul
A Região Sul deve registrar precipitação abaixo da média, com exceção de áreas localizadas no leste de Santa Catarina e norte do Paraná. No Rio Grande do Sul, o cenário preocupa especialmente os produtores que ainda realizam a semeadura da soja.
As previsões climáticas indicam que o estado gaúcho enfrenta restrição hídrica e, com pouca chuva prevista para os próximos 15 dias, o solo segue sob forte déficit de umidade, elevando o risco para a safra. A situação representa a sexta safra consecutiva com perdas consolidadas em diversas regiões.
Centro-Oeste e Sudeste recebem mais umidade
Em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, dezembro traz elevação dos níveis de umidade no solo. A previsão de chuvas mais regulares favorece o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra.
Algumas áreas podem sofrer com má distribuição das chuvas, como o sudoeste do Mato Grosso, sul do Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo e norte de Minas Gerais. A formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pode ocorrer no mês, trazendo chuvas frequentes e volumosas para o centro-norte do Sudeste e do Centro-Oeste.
Monitoramento constante
Os meteorologistas recomendam que produtores rurais acompanhem diariamente as atualizações dos serviços meteorológicos e das defesas civis estaduais. A variabilidade climática exige adaptação rápida das estratégias de manejo e planejamento agrícola.
As condições atmosféricas permanecem favoráveis à formação de temporais isolados nas próximas semanas, com possibilidade de rajadas de vento, chuvas intensas e granizo em áreas específicas. O planejamento das operações agrícolas deve considerar essas instabilidades para minimizar perdas e otimizar os resultados da safra 2024/2025.