Resumo da notícia
- A produção de azeite no Rio Grande do Sul caiu para 190,3 mil litros em 2025, devido a problemas climáticos, especialmente excesso de umidade, impactando a principal região produtora do Brasil.
- Apesar da queda, a olivicultura brasileira cresce, com novos polos em Santa Catarina e Paraná e expectativa de retomada impulsionada pelo clima frio recente.
- O Brasil cultiva 10 mil hectares de oliveiras, mas o setor enfrenta falta de investimento em pesquisa, buscando parcerias públicas e privadas para aprimorar a produção e adaptar variedades como a Arbequina.
- O olivoturismo é visto como oportunidade de diversificação, com potencial para desenvolvimento em cidades gaúchas como Sant’Ana do Livramento e Encruzilhada do Sul, visando criar rotas turísticas ligadas à cultura da oliveira.
A produção de azeite de oliva no Rio Grande do Sul recuou em 2025. O estado, que responde por 80% do azeite nacional, produziu 190,3 mil litros. O número representa uma queda significativa frente aos 580,2 mil litros de 2023. Problemas climáticos explicam a baixa produtividade.
A informação é do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva). A entidade divulgou os dados nesta segunda-feira (1º/09), durante a Expointer, em Esteio (RS). Apesdo do recuo, o setor projeta uma forte retomada nos próximos ciclos.
O excesso de umidade no Sul do país prejudicou a safra gaúcha. A expectativa inicial para 2024 era atingir 1 milhão de litros em todo o Brasil. A produção nacional ficou em 343 mil litros, puxada principalmente por São Paulo e Minas Gerais.
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O frio intenso dos últimos meses, no entanto, trouxe otimismo. “O clima recente favoreceu os pomares. Agora precisamos que a chuva não atrapalhe na florada”, disse Flávio Obino Filho, presidente do Ibraoliva. Santa Catarina e Paraná surgem como novos polos de produção, impulsionando a expansão da olivicultura no país.
Pesquisa é o maior desafio
O Brasil cultiva atualmente 10 mil hectares de oliveiras. Metade dessa área já está em produção plena. O maior gargalo para o crescimento do setor, segundo Obino Filho, é a falta de investimento em pesquisa.
“Produtores desenvolvem suas próprias pesquisas. Queremos parcerias público-privadas e com universidades”, explicou. A variedade Arbequina, de origem espanhola, é a que melhor se adaptou ao Brasil. Ela é a base para a produção de azeites puros ou blends.
Olivoturismo: potencial adormecido
O setor também enxerga no turismo uma grande oportunidade. O “olivoturismo” já é realidade em cidades como Sant’Ana do Livramento (RS), que possui a Rota das Oliveiras. Encruzilhada do Sul, dona da maior área de cultivo do estado, também planeja desenvolver a atividade.
O coordenador do Programa Pró-Oliva da Secretaria de Agricultura do RS, Paulo Lipp João, vê um potencial enorme. “É um potencial ainda adormecido. Podemos criar rotas turísticas muito interessantes em municípios como Encruzilhada, Pelotas e Bagé”, observou.
Para fomentar o setor, o Ibraoliva promove em dezembro, em Bagé (RS), o Seminário Binacional e o 6º Encontro Estadual de Olivicultura. O evento trará especialistas e produtores do Uruguai, cujas pesquisas servem de referência para a região da Campanha e Fronteira Oeste gaúchas.