O Conselho Nacional do Café (CNC) manifestou preocupação com propostas para compartilhar material genético dos Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs). A entidade considera o tema essencial para a soberania científica, econômica e ambiental do Brasil.

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Segundo o CNC, o conhecimento sustenta a competitividade do país e garante a liderança global da cafeicultura brasileira.

Liderança mundial

O Brasil é líder mundial na produção e exportação de café. Esse protagonismo resulta da competência técnica, da resiliência dos produtores e da cooperação público-privada.

O CNC alerta para os riscos da inclusão do café no Protocolo de Nagoya. A medida pode permitir acesso irrestrito a germoplasma, pesquisas e tecnologias brasileiras. Concorrentes que não enfrentam normas rigorosas poderiam se beneficiar.

Ameaça

A entidade destaca que isso ameaça décadas de conhecimento e compromete toda a cadeia produtiva nacional. O setor gera 8,4 milhões de empregos em 17 estados e 1.983 municípios. Ele ocupa seis biomas e movimentou R$ 79,59 bilhões em 2024, sendo o quarto produto do agro na balança comercial.

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Para o CNC, há um desequilíbrio competitivo. Enquanto o Brasil cumpre uma das legislações ambientais e sociais mais avançadas, outros países atuam sem regulação.

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Pressões externas

O Conselho critica pressões externas e relatórios tendenciosos sobre clima e produtividade. Afirma que a cafeicultura brasileira é resiliente e adaptável. A migração da produção para novas regiões, como Cerrado Mineiro e Rondônia, prova essa capacidade.

O CNC reforça que não aceitará iniciativas que fragilizem a soberania genética e tecnológica. A transferência de material genético e conhecimento construído com recursos públicos é inaceitável. Esse patrimônio nacional envolve pesquisas da Embrapa, do Consórcio Pesquisa Café, universidades e institutos.

Além do impacto econômico, o café brasileiro tem forte compromisso social. Direitos trabalhistas e proteção à saúde garantem condições seguras aos trabalhadores. O país oferece serviços gratuitos pelo SUS e regulamentação pela Anvisa, o que poucos produtores globais fazem.

O CNC optou por não responder a consultas internacionais sobre o tema neste momento. A entidade busca alinhamento com o Ministério das Relações Exteriores e órgãos competentes para definir uma estratégia conjunta.

Silas Brasileiro, presidente do CNC, afirma que o momento exige clareza e firmeza. “Vamos defender o produtor, as cooperativas e a produção nacional”, declarou.

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