Resumo da notícia
- A videoconferência entre Lula e Trump foi considerada um avanço concreto pela CNI, reforçando o respeito mútuo e a importância do diálogo entre Brasil e EUA para o setor industrial.
- Lula pediu a revogação das tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, o que pode isentar até US$ 7,8 bilhões em exportações, beneficiando cerca de 1.908 produtos, como café, cacau e metais.
- A balança comercial entre os países registrou queda de 20,3% nas exportações brasileiras em setembro, enquanto as importações dos EUA cresceram 14,3%, ampliando o déficit comercial do Brasil para US$ 5,1 bilhões.
- A CNI destaca que o Brasil busca recuperar espaço comercial e corrigir distorções causadas pelas sobretaxas, que prejudicam setores como siderurgia, alumínio, máquinas e produtos manufaturados.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) classificou como “avanço concreto” a videoconferência entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada nesta segunda-feira (6). O encontro virtual reforça o respeito mútuo entre as duas nações, segundo a entidade.
Ricardo Alban, presidente da CNI, destacou a importância das negociações para o setor industrial. “Para a indústria, é muito relevante esse avanço das tratativas. Desde o início, nós defendemos o diálogo, pautado pelo respeito e pela significância desta parceria bicentenária. Vamos acompanhar e contribuir com o que for possível”, afirmou o dirigente.
Durante a conversa, Lula solicitou a Trump a revogação das tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. A CNI calcula que o governo americano pode isentar US$ 7,8 bilhões em exportações brasileiras caso aceite a demanda.
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Alban enfatizou que o Brasil busca recuperar espaço comercial, não obter vantagens extras. “O que está em jogo não é um ganho extra para o Brasil, mas a recuperação de espaço comercial. A possibilidade de integrar o anexo [Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners] significa devolver previsibilidade e competitividade às nossas exportações, corrigindo distorções que afetam diretamente a indústria e o emprego no país”, declarou.
Anexo americano prevê isenção para 1.908 produtos
A Ordem Executiva dos EUA nº 14.346, apresentada em 5 de setembro, criou o anexo “Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners” (Potencial Ajuste Tarifário para Parceiros Aliados). O documento prevê possíveis isenções tarifárias para 1.908 produtos mediante compromissos em comércio e segurança.

Segundo análise da CNI, o anexo abrange 18,4% do total que o Brasil exportou ao mercado americano em 2024. Esse percentual se somaria aos 26,2% já isentos de tarifas adicionais. Café, cacau, frutas e produtos metálicos estão entre os itens que podem receber benefícios.
Balança comercial registra queda de 20,3% nas exportações
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou hoje os dados da balança comercial bilateral referentes a setembro. Os números mostram retração de 20,3% nas exportações brasileiras ao mercado americano, enquanto as importações de produtos dos EUA cresceram 14,3% no período.
No acumulado de janeiro a setembro, as exportações brasileiras caíram 0,6%, enquanto as importações aumentaram 11,8%. Os Estados Unidos ampliaram o superávit comercial em relação ao Brasil para US$ 5,1 bilhões.
As sobretaxas impostas às exportações brasileiras geram distorções na corrente de comércio e provocam efeitos adversos para empresas e consumidores de ambos os países. Siderurgia, alumínio, máquinas e equipamentos, madeira, químicos e manufaturados industriais figuram entre os setores mais afetados.
Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, considera o diálogo presidencial um passo importante para construir soluções que mitiguem esses impactos. “O comércio Brasil–EUA é sustentado por uma ampla rede de empresas, investimentos e interesses mútuos. Esperamos que o diálogo entre os presidentes abra caminho para negociações que devolvam previsibilidade e permitam preservar e expandir o comércio e os investimentos bilaterais”, afirmou.