Resumo da notícia
- O agronegócio brasileiro tratou 2,5 bilhões de hectares com defensivos agrícolas em 2024, aumento de 12,2%, mas o valor de mercado caiu 6,6%, totalizando US$ 19,9 bilhões, devido a fatores cambiais e queda nos preços.
- Glifosato lidera o mercado, com 32% dos ingredientes ativos vendidos, seguido por herbicidas como 2,4-D e fungicidas como mancozebe, que cresceu 15% em volume, refletindo desafios fitossanitários crescentes.
- Herbicidas representam 45% do volume, com soja concentrando 56% da área tratada; Mato Grosso e Rondônia são os principais mercados regionais, reforçando o peso do Centro-Oeste no consumo de defensivos.
- Para 2025, projeta-se crescimento moderado da área tratada, queda nos preços e expansão de 13% dos bioinsumos, impulsionados por demandas sustentáveis, enquanto pragas continuam exigindo uso intensivo de defensivos.
O agronegócio brasileiro mantém-se como um dos maiores consumidores globais de defensivos agrícolas, com destaque para herbicidas, inseticidas e fungicidas.
Em 2024, a área tratada com esses produtos atingiu 2,5 bilhões de hectares, um crescimento de 12,2% em relação a 2023, segundo dados do Sindiveg.
No entanto, o valor de mercado recuou 6,6%, totalizando US$ 19,9 bilhões, reflexo de fatores cambiais e da redução nos preços dos produtos.
Com base nos relatórios do Ibama e estudos setoriais, os ingredientes ativos mais comercializados em volume são:
Glifosato e seus sais
- Tipo: herbicida
- Uso: controla plantas daninhas em culturas como soja, milho, cana-de-açúcar e café. Lidera o mercado há anos, representando cerca de 32% do total de ingredientes ativos vendidos no país. Em 2024, foi crucial no manejo de invasoras em meio ao aumento da área plantada.
2,4-D
- Tipo: herbicida
- Uso: amplamente aplicado em combinação com o glifosato para superar resistências de plantas daninhas, como buva e capim-amargoso. Destaca-se nas culturas de soja e milho.
Mancozebe
- Tipo: fungicida
- Uso: proteção contra doenças fúngicas, como a ferrugem asiática da soja. Sua aplicação cresceu 15% em volume em 2024, impulsionada por condições climáticas favoráveis a patógenos.
Acefato
- Tipo: inseticida
- Uso: controla pragas como percevejos e lagartas na soja e algodão. Mantém-se entre os mais vendidos devido à eficácia e custo acessível, despite preocupações regulatórias.
Atrazina
- Tipo: herbicida
- Uso: utilizado principalmente nas culturas de milho e cana-de-açúcar, com ação residual no solo. Segue em alta devido à expansão do milho segunda safra.
Distribuição por categorias e culturas
Em 2024, os herbicidas lideraram o mercado, representando 45% do volume total, seguidos por inseticidas (23%) e fungicidas (23%). A soja foi a cultura que mais demandou defensivos, com 56% da área tratada, seguida por milho (16%) e algodão (8%). Regionalmente, Mato Grosso e Rondônia concentraram 28% das vendas, reforçando a vocação agrícola do Centro-Oeste.
Essas são as tendências para 2025:
- Crescimento moderado: projeta-se um aumento de 3% a 6% na área tratada, ultrapassando 2 bilhões de hectares. A soja deve manter sua dominância, com 55% do total.
- Queda de preços: espera-se que a valorização do real e os estoques elevados pressionem os preços, reduzindo o valor de mercado.
- Expansão de biológicos: os bioinsumos devem crescer 13% em 2025, impulsionados por demandas por sustentabilidade 11. Em 2024, esse mercado já movimentou R$ 5 bilhões.
- Desafios fitossanitários: pragas como cigarrinha-do-milho, mosca-branca e lagartas continuarão a demandar aplicações intensivas, especialmente na soja e milho.
Apesar do recorde em área tratada, o valor financeiro do mercado recuou para US$ 18 bilhões em 2024. Esse paradoxo reflete a concorrência internacional, com aumento das importações – especialmente da Europa – e a desvalorização do dólar. Além disso, o crescimento dos biodefensivos sinaliza uma transição gradual para modelos mais sustentáveis, alinhados às exigências globais.
O panorama dos defensivos agrícolas no Brasil evidencia a dependência de produtos tradicionais, como glifosato e 2,4-D, mas também aponta para inovações em bioinsumos. Para os produtores, o desafio será equilibrar eficiência produtiva com sustentabilidade, enquanto o mercado se adapta a novas realidades econômicas e ambientais