No 1º AgroLegal Summit, ex-secretário do Mapa e enviado da COP-30 debateram os impactos do Tarifaço e a estratégia para consolidar o Brasil como potência agro
Foto: divulgação -Embrapa / Fernando Adegas

O agronegócio brasileiro está redefinindo sua estratégia para fortalecer sua posição como potência global. O setor, terceiro maior exportador agrícola do mundo, agora alia seu volume de produção a práticas sustentáveis e tecnologia de ponta.

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Especialistas apontam que, para crescer além dos atuais 30% de produção exportada, o agro precisa superar barreiras como o “Tarifaço” e adotar uma postura geopolítica mais ativa, com eventos como a COP-30 no horizonte.

O 1º AgroLegal Summit, promovido pela AASP (Associação dos Advogados de São Paulo), reuniu autoridades como o ex-secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, e Marcello Britto, enviado especial para a COP-30, para debater esses caminhos.

Segurança jurídica: a base para o crescimento

Antonio Freitas, diretor da AASP e coordenador do evento, enfatizou que o fórum surgiu para tratar de questões fundamentais. “A segurança jurídica no campo importa tanto quanto a produtividade. O AgroLegal Summit debate marcos regulatórios, propriedade rural e tecnologia, temas decisivos para o futuro do agronegócio”, afirmou Freitas.

Ivan Wedekin analisou a trajetória de sucesso do setor. “Nossa agricultura é gigante e global porque se fundamenta em tecnologia, no aumento da produtividade e em políticas agrícolas competentes dos últimos 20 anos. Isso garante ao Brasil o maior saldo na balança comercial agrícola mundial, com muito pouco subsídio”, explicou Wedekin.

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Ele citou políticas macroeconômicas, como a Lei Kandir (1996) e a adoção do câmbio flutuante (1999), como fatores cruciais. A entrada da China na OMC em 2001, segundo ele, consolidou a parceria que transformou o país asiático no maior cliente do agro brasileiro.

Tarifaço abre portas para novas estratégias de mercado

O chamado “Tarifaço” dominou parte dos debates. Wedekin enxerga o momento como uma oportunidade estratégica. “Esse cenário permite ao Brasil não apenas abrir novos mercados, mas também traçar novas políticas para acessá-los”, comentou.

Da esquerda para a direita: Ivan Wedekin, Ex-Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura; Thelma Corrêa, Diretora Jurídica; Antonio Freitas, Diretor da AASP e coordenador do AgroLegal. Foto:
Divulgação/AASP

Apesar das tensões comerciais, o setor mostra resiliência. Em setembro, o país bateu o recorde histórico de exportação de carne bovina, alcançando 144 países. “Mercados como carne e café continuarão funcionando, mas nosso grande desafio permanece na agregação de valor, que também depende de políticas públicas”, concluiu o ex-secretário.

COP-30: Brasil busca reaproximação geopolítica

A conferência climática de 2025 (COP-30) aparece como palco fundamental para a projeção internacional do Brasil. Marcello Britto, enviado especial para o evento, destacou seu significado único. “Será a primeira grande reunião mundial com mais de 100 chefes de Estado após a nova gestão Trump. O foco não será criar regras novas, mas sim estabelecer novos rumos para essa reaproximação geopolítica”, explicou Britto.

A estratégia brasileira, de acordo com ele, mira a região da Ásia-Pacífico (APAC). “Onze países concentram 5 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, a partir de 2030, eles deterão 60% da classe média mundial, que é o motor do consumo”, afirmou.

Britto ainda revelou que a COP-30 dedicará dois dias inteiros para analisar tendências em agricultura, indústria, mineração e inteligência artificial no eixo China-Índia, sinalizando a centralidade do tema para a economia global.