O governo dos Estados Unidos anunciou recentemente a aplicação de uma tarifa inédita de 50% sobre todas as exportações brasileiras. Com previsão de entrada em vigor a partir de 1º de agosto de 2025. A decisão foi formalizada em carta encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual Trump alegou “desequilíbrio comercial”. E também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal brasileiro, citando fatores políticos e práticas comerciais consideradas injustas como justificativa para o aumento da taxação.
A nova tarifa é a mais alta dentre todos os países notificados pelos EUA nesta leva. E afeta diversos setores estratégicos da economia brasileira, como petróleo, aço, aeronaves, carne, café, celulose e suco de laranja. Só em 2024, o Brasil exportou cerca de 40,4 bilhões de dólares para o mercado norte-americano. Isso corresponde a 12% do total das exportações nacionais. Especialistas e entidades setoriais avaliam que a medida pode reduzir drasticamente o volume de embarques brasileiros. Além de elevar custos, comprometer a competitividade e gerar efeitos negativos em cadeia sobre empregos e produção industrial no país.
Surpresa no Brasil
Segundo autoridades brasileiras e representantes do setor produtivo, a taxação foi recebida com surpresa e preocupação. Isso por não haver justificativa econômica clara, e já motivou um movimento diplomático para tentar adiar ou reverter a medida. A Confederação Nacional da Indústria e outras associações defendem a abertura urgente de canais de negociação para evitar prejuízos ainda maiores.
Além do impacto direto sobre exportadores, a iniciativa já teve reflexos no debate político interno, com membros do governo e senadores brasileiros cobrando uma reação à altura e a aplicação do princípio da reciprocidade, previsto por lei sancionada este ano.
O contexto político também pesa na disputa: na mensagem oficial, Trump faz elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro. E também acusa o STF de censura e perseguição, o que elevou o tom da crise diplomática e pode dificultar uma solução negociada a curto prazo.
Pressão Internacional e Pedido de Negociação
Em resposta imediata ao anúncio, empresários americanos e as principais entidades do setor empresarial de ambos os países ressaltaram que a tarifa poderá “impactar produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos EUA, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de indústrias-chave americanas”.
Mais de 6.500 pequenas empresas americanas dependem de produtos importados do Brasil. Além disso, cerca de 3.900 companhias dos EUA investem no mercado brasileiro, segundo dados da Amcham. O temor é uma escalada protecionista prejudicial para ambos os lados e para cadeias produtivas globais.
O governo brasileiro, por sua vez, já sinalizou disposição para buscar entendimento diplomático de alto nível. Porém, também avalia medidas de retaliação e compensação caso não haja recuo ou flexibilização por parte da administração americana.
A U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgaram o seguinte posicionamento a respeito do anúncio do governo dos Estados Unidos sobre a proposta de aplicação de uma tarifa de 50% às exportações brasileiras, com início previsto para 1º de agosto:
Nota oficial
“A U.S. Chamber e a Amcham Brasil solicitam aos governos dos Estados Unidos e do Brasil que se engajem em negociações de alto nível a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%. A imposição dessa medida como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante.
A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos Estados Unidos.
Mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas norte-americanas têm investimentos naquele país. O Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos e é destino, a cada ano, de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos.
Uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias das Américas beneficia consumidores, sustenta empregos e promove prosperidade em ambos os países. A U.S. Chamber e a Amcham Brasil seguem à disposição para apoiar iniciativas que favoreçam uma solução negociada, pragmática e construtiva — que evite a escalada da atual situação e garanta a continuidade de um comércio bilateral mutuamente vantajoso.”
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