Resumo da notícia
- A pesquisa da Amcham Brasil mostra que 88% das empresas preferem a diplomacia e rejeitam retaliações imediatas às tarifas de 50% dos EUA, visando preservar o diálogo comercial.
- % das exportadoras esperam queda ou interrupção nas vendas ao mercado americano caso as sobretarifas sejam aplicadas, ameaçando setores estratégicos da economia brasileira.
- Metade das empresas teme impactos negativos na cadeia de fornecedores e perda de competitividade, além de riscos à imagem do Brasil e possível revisão ou realocação de investimentos.
- Mais da metade das companhias adotam monitoramento e atuam por meio de associações empresariais, enquanto algumas mantêm diálogo direto com autoridades e parceiros nos EUA para enfrentar a crise.
Resumo gerado pela redação.
O setor empresarial brasileiro demonstra preferência pela diplomacia em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos. Uma pesquisa exclusiva da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) realizada com 162 empresas nacionais e multinacionais indica que a esmagadora maioria rejeita medidas retaliatórias imediatas às tarifas de 50% impostas pelos americanos.
O levantamento, conduzido entre 24 e 30 de julho, revela que 88% das empresas consultadas defendem a negociação diplomática como estratégia principal, descartando a reciprocidade tarifária. Paralelamente, 86% dos respondentes avaliam que uma retaliação imediata intensificaria as tensões e reduziria drasticamente o espaço para diálogo construtivo entre os dois países.
Impacto direto nas exportações preocupa setor produtivo
Entre as empresas exportadoras participantes da pesquisa, 59% preveem interrupção total ou queda significativa nas vendas para o mercado americano caso as sobretarifas entrem em vigor. Essa perspectiva ameaça setores estratégicos da economia brasileira que dependem do comércio bilateral.
A Amcham Brasil calculou que a lista de exceções divulgada em 30 de julho contempla 694 produtos, representando US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras – equivalente a 43,4% dos US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024.
Empresários temem efeito cascata na economia
A pesquisa identificou preocupações que vão além das exportações diretas. Metade das empresas (52%) apontam riscos à cadeia de fornecedores nacional, enquanto o mesmo percentual indica possível perda de competitividade frente a concorrentes internacionais.
Os dados também revelam impactos potenciais nos investimentos: 46% das companhias consideram revisar projetos planejados ou em andamento no Brasil, e 43% mencionam possível realocação de investimentos globais para outros mercados.
As principais preocupações empresariais com uma eventual retaliação incluem:
- 86%: Agravamento das tensões e redução do espaço para negociação
- 71%: Impactos em setores dependentes de insumos e tecnologia americana
- 50%: Prejuízo à imagem do Brasil como destino de investimentos
- 45%: Aumento da insegurança jurídica no ambiente de negócios
Setor adota estratégia de monitoramento e articulação
Diante do cenário de incerteza, 52% das empresas adotaram postura de monitoramento sem ações específicas definidas, enquanto 54% optaram por atuar através de associações empresariais para amplificar sua voz no debate.
Estratégias mais diretas também emergem: 25% das companhias engajam parceiros e clientes nos Estados Unidos, e 16% estabeleceram diálogo direto com autoridades brasileiras.
Para Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, os resultados evidenciam a complexidade do momento. “A pesquisa revela com nitidez os potenciais impactos que tarifas mais altas representam para os negócios – desde a interrupção de exportações até o redirecionamento de investimentos globais. É fundamental intensificar a busca por uma solução que preserve os ganhos econômicos e sociais da relação entre Brasil e Estados Unidos”, declarou.
Perfil das empresas consultadas
A amostra da pesquisa incluiu companhias com diferentes origens de capital: 59% brasileiras, 23% americanas e 18% de outros países. Quanto ao envolvimento no comércio bilateral:
- 41% exportam bens para os EUA
- 35% importam produtos americanos
- 33% não mantêm relação comercial direta, mas podem ser impactadas indiretamente
Os dados da Amcham Brasil oferecem um retrato inédito da percepção empresarial sobre as tensões comerciais, indicando que o setor produtivo brasileiro aposta na diplomacia como caminho mais eficaz para preservar a histórica parceria econômica entre os dois países.
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