O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmou nesta atualização que 284 equinos morreram após consumir rações fabricadas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. O número representa um aumento significativo no registro de óbitos relacionados ao caso que chocou o setor agropecuário brasileiro.
A principal mudança no cenário jurídico é a revogação da decisão judicial que havia autorizado parcialmente a retomada da produção de rações não destinadas a cavalos. Com essa revogação, volta a valer integralmente a suspensão cautelar imposta pelo MAPA.
A medida proíbe a fabricação de rações para todas as espécies animais até que a Nutratta comprove ao Ministério a correção completa das irregularidades identificadas pela fiscalização. Até o momento, a empresa não apresentou as adequações necessárias.
Contaminação por planta tóxica
As investigações oficiais revelaram que a contaminação ocorreu devido a falhas graves no controle de matéria-prima. O material utilizado pela empresa continha resíduos de plantas do gênero Crotalaria, conhecidas por conter alcaloides pirrolizidínicos.
Entre essas substâncias, destaca-se a monocrotalina, composto altamente tóxico para animais e estritamente proibido na formulação de rações. Essas substâncias aparecem apenas quando há uso inadequado de matérias-primas não autorizadas ou contaminação de ingredientes permitidos.
Os alcaloides pirrolizidínicos são classificados como hepatotóxicos, causando alterações no DNA celular e danos irreversíveis ao fígado dos animais. Os efeitos variam conforme a dose ingerida, tempo de exposição e condição física individual de cada animal.
Investigação em andamento
O MAPA aguarda os resultados de análises laboratoriais de outros lotes de ração produzidos pela empresa, além de examinar lotes de matérias-primas envolvidas no processo produtivo. Essas análises serão fundamentais para definir os próximos passos da investigação.
Cronologia:
- Primeira Denúncia – 26 de Maio
O caso teve início quando o MAPA recebeu, através do canal Fala.BR, uma denúncia sobre mortes de cavalos no estado de São Paulo. A denúncia deu início a uma investigação que se revelaria muito mais ampla do que inicialmente imaginado.
- Inspeção em Campo – 30 de Maio
Fiscais do Ministério se deslocaram até uma propriedade em Elias Fausto (SP) e identificaram suspeitas relacionadas à ração fornecida aos animais afetados.
- Inspeção na fábrica – 2 a 4 de Junho
Durante três dias consecutivos, equipes técnicas realizaram inspeções detalhadas na fábrica da Nutratta. As investigações revelaram falhas significativas nos processos de produção e controle de qualidade.
Com o surgimento de novas denúncias, um padrão preocupante emergiu: em todas as propriedades investigadas, apenas os equinos que consumiram produtos da Nutratta adoeceram ou morreram.
Animais que não ingeriram as rações permaneceram saudáveis, mesmo compartilhando os mesmos ambientes com os cavalos afetados.
Diante das evidências, o MAPA emitiu alerta para suspensão imediata do consumo de todas as rações fabricadas pela empresa investigada.
- Confirmação laboratorial – 25 de Junho
Análises laboratoriais oficiais confirmaram a presença de monocrotalina nas rações, substância tóxica e expressamente proibida para equídeos.
O Ministério instaurou processo administrativo formal, mantém as investigações ativas e continua com o recolhimento dos lotes contaminados em todo o território nacional
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