Resumo da notícia
- As exportações brasileiras de café para os EUA caíram 46% em agosto de 2020 devido à tarifa de 25% imposta pelo governo Trump, causando uma reconfiguração no comércio do produto.
- Destinos latino-americanos como Colômbia e México tiveram crescimento nas compras, com aumentos de 578% e 90%, respectivamente, enquanto Alemanha manteve-se maior importadora individual.
- O presidente da Cecafe atribui a queda às tarifas e descarta o uso de rotas alternativas para burlar a tarifa americana, alertando para a facilidade de detecção dessas práticas.
- As exportações de café solúvel para os EUA recuaram 59,9%, e especialistas alertam que as tarifas podem elevar preços globais, pressionando a inflação do café no Brasil.
As exportações de café do Brasil para os Estados Unidos sofreram uma queda abrupta de 46% em agosto de 2020. Impactadas diretamente pela tarifa de 25% imposta pelo governo de Donald Trump sobre o produto. Os dados, divulgados pelo Café (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), revelam uma significativa reconfiguração no fluxo comercial do grão.
Enquanto as vendas para o maior consumidor mundial despencaram para 301 mil sacas de 60 kg (ante 562 mil em 2019), os países da América Latina emergiram como destinos em crescimento explosivo. As exportações para a Colômbia tiveram um aumento extraordinário de 578%, e para o México, a alta foi de 90%.
A Alemanha manteve sua posição de liderança, se consolidando como o maior importador individual de café brasileiro no período, com a compra de 414.109 sacas, mesmo com uma ligeira contração no volume.
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Em nota, o presidente da Cecafe, Márcio Ferreira, atribuiu a turbulência diretamente às medidas tarifárias. “As tarifas perturbaram o mercado e abriram a porta para movimentos especulativos”, afirmou. Ferreira também descartou a possibilidade de o setor usar rotas de terceiros países, como México ou Colômbia, para burlar a tarifa e acessar o mercado americano, classificando a prática como de fácil detecção pelas autoridades dos EUA.
Café solúvel e inflação em alerta
O segmento de café solúvel foi um dos mais atingidos. De acordo com a ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), as exportações para os EUA desse produto caíram 59,9% em agosto.
A escalada da tensão comercial preocupa entidades globais e nacionais. Tanto a Organização Internacional do Café (OIC) quanto a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) já alertaram que as tarifas podem elevar os preços globais da commodity. Para o Brasil, que é o segundo maior consumidor do mundo, o aumento dos custos internacionais pode se refletir na inflação doméstica. Como destacou Celirio Inácio, da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café). “O café está ficando mais caro… e isso contribuirá diretamente para a inflação aqui no Brasil”, projetou.