Resumo da notícia
- A Fazenda Cabuçu, cenário da novela Renascer em Itaboraí, RJ, está à venda por R$ 2,6 milhões, mantendo sua atmosfera histórica e rural, com 51 hectares e uma casa principal de 1.300 m².
- Construída no século XVIII, a propriedade mistura vida rural, história e ficção, preservando seu charme com lago, curral e áreas verdes, a cerca de 30 km de Niterói.
- O casarão foi personagem central na novela, palco de paixões e segredos, e mesmo após as gravações, mantém uma aura de nostalgia e presença marcante na paisagem local.
- Mais que um imóvel, o valor pedido reflete a memória viva do lugar, onde visitantes encontram sons da natureza e o ar carregado de lembranças, não luxo, mas identidade e história.
A porteira range devagar, como quem anuncia que o tempo ali tem outro ritmo. Do lado de dentro, a Fazenda Cabuçu, em Itaboraí, cidade do interior do Rio de Janeiro, parece suspensa no ar. O vento atravessa as janelas antigas e traz um cheiro de terra molhada, de madeira antiga e de lembranças que a ficção deixou para trás.
Foi ali que o coronel Egídio, interpretado por Vladimir Brichta, viveu seus dias de glória e queda em Renascer. Lá também que Dona Patroa (Camila Morgado) enfrentou os silêncios do casamento e onde Eliana (Sophie Charlotte) chegou para desarrumar tudo. Hoje, o mesmo casarão que serviu de cenário para paixões e vinganças está à venda por R$ 2,6 milhões, segundo o anúncio de corretores locais.
- Fazenda Santa Clara: maior construção rural da América Latina é Brasileira
- Chapada Diamantina transforma café em atração turística premiada
A fazenda onde o tempo ainda mora

A Cabuçu é mais que uma fazenda — é uma lembrança viva. Construída no século XVIII, ocupa 51 hectares de terra, o equivalente a mais de 70 campos de futebol. A propriedade fica a cerca de 30 quilômetros de Niterói, distância suficiente para parecer distante da cidade, mas perto o bastante para um passeio de final de semana.
A sede principal, com 1.300 metros quadrados, tem 11 quartos, três salas, duas cozinhas e dois banheiros. As paredes revelam as marcas do tempo. As janelas de madeira deixam a luz da manhã entrar suave, quase preguiçosa. No entorno há casa de funcionários, lago, campo de futebol, curral, galinheiro e duas represas que espelham o céu de Itaboraí com uma calma que parece ensaiada.

O palco das emoções de Renascer
Na novela, a fazenda foi o coração das disputas e ressentimentos. Cada corredor serviu de palco para uma tensão, cada varanda foi testemunha de um segredo. As câmeras da Globo transformaram o casarão em personagem: forte, imponente e cheio de cicatrizes.
Quando as gravações acabaram, o silêncio voltou, mas a sensação de que algo ainda habita o lugar continua. Quem passa pela estrada diminui a velocidade. O casarão aparece ao longe, cercado de verde, e parece pedir atenção — como se ainda esperasse o próximo “ação!”.
Entre o passado e o presente
O preço pedido, R$ 2,6 milhões, não é apenas o valor da terra. É o valor da memória. Poucos lugares conseguem misturar com tanta naturalidade vida rural, história e ficção. Mesmo depois que as câmeras foram embora, a Cabuçu manteve o carisma e a força de cenário vivo.

Quem visitar o local não vai encontrar luxo. Vai encontrar atmosfera. O som da água correndo, o cheiro do mato, o canto dos pássaros e a sensação de que a fazenda respira — devagar, mas com orgulho.
O último ato da casa do coronel

Vista de longe, a casa lembra um velho ator que se recusa a deixar o palco. Enquanto isso, as palmeiras se movem com o vento, num gesto silencioso de reverência. Logo depois, quando a porteira se abre, o ferro canta, e então o som se espalha lentamente pela tarde. Assim, o ar parece se encher de lembrança e expectativa. Por fim, é o anúncio claro de que o passado ainda vive ali, teimoso, à espera de um novo dono.

Por R$ 2,6 milhões, quem comprar a Fazenda Cabuçu não vai adquirir apenas um imóvel. Vai levar um pedaço da história da televisão brasileira, um retrato da alma rural do Rio de Janeiro e talvez a sensação de que, num entardecer qualquer, o coronel Egídio ainda possa surgir na varanda, ajeitando o chapéu e observando o sol cair sobre as montanhas de Itaboraí.