Propriedades rurais mantêm maior parcela de vegetação nativa do país; áreas protegidas representam 19,7% do território nacional
Foto: André Farias / Embrapa Territorial

Produtores rurais brasileiros conservam a maior parcela de vegetação nativa do país dentro de suas propriedades. Um levantamento da Embrapa mostra que as fazendas privadas destinam 29% do território nacional à preservação ambiental, superando as áreas de proteção integral, terras indígenas e áreas militares, que juntas representam 19,7% do Brasil.

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O estudo, que a Embrapa apresentará oficialmente em 2026, identifica vegetação nativa em 65,6% do território brasileiro. A empresa divulgou os números preliminares durante a COP30, em Belém, no dia 10 de novembro.

Agropecuária ocupa menos de um terço do país

As atividades agropecuárias ocupam 31,3% do território nacional. Desse total, a pecuária utiliza 19,4% das terras, enquanto a agricultura consome 10,8% e a silvicultura responde por 1,1%.

“A integração das análises espaciais de bases governamentais com os dados de sensoriamento remoto resultou neste retrato detalhado do território brasileiro”, explica Carlos Alberto de Carvalho, analista da Embrapa Territorial.

O Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) registra que os produtores destinam metade da área total de seus imóveis à preservação ambiental. Outros 10,4% do território apresentam vegetação nativa em áreas ainda não cadastradas ou devolutas.

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As Unidades de Conservação de Uso Sustentável, que permitem exploração controlada dos recursos naturais, ocupam 6,5% do país.

Cerrado e Amazônia apresentam perfis distintos

No Cerrado, principal região produtora de grãos do Brasil, a preservação e proteção ambiental abrangem 52,2% do bioma. Os produtores declaram 34,7% das terras como áreas preservadas, enquanto a agropecuária opera em 45,9% do território.

Foto: Embrapa Territorial

A Amazônia mantém 83,7% de suas terras dedicadas à proteção e preservação. As unidades de conservação, terras indígenas e áreas militares totalizam 34,9% do bioma. Os imóveis rurais preservam 27,4% da região, enquanto as atividades agropecuárias ocupam 14,1% – sendo 12,1% de pastagens e 2% de lavouras.

Foto: Embrapa Territorial

Dados orientam políticas públicas

Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, destaca que o trabalho utiliza bases oficiais e públicas que passam por atualizações periódicas. “Essas bases sofrem ajustes ao longo do tempo em função de diversos fatores, entre eles a adequação dos limites territoriais”, explica.

A pesquisadora acredita que o estudo orienta políticas de uso sustentável do solo. “Compreender como o território brasileiro distribui-se entre diferentes atores, públicos e privados, fundamenta decisões mais assertivas. Essas informações apoiam programas de pagamento por serviços ambientais e o planejamento de projetos de monitoramento”, afirma.

Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, ressalta que os resultados fortalecem a imagem do Brasil como líder global em uso sustentável da terra. “Estes resultados, apresentados nos palcos da COP30, não apenas qualificam o debate ambiental, mas também fortalecem a posição brasileira”, completa.