Resumo da notícia
- A ferrugem asiática teve altos níveis de infecção no início da safra 2024/2025 no Rio Grande do Sul, mas o clima seco e ondas de calor entre fevereiro e março frearam a disseminação do fungo em comparação à safra anterior.
- O monitoramento da Seapi e Emater/RS-Ascar detectou os primeiros focos em outubro de 2024, com maiores concentrações de esporos em municípios como Muitos Capões, Três Passos, Ijuí e Cruz Alta, especialmente após períodos de chuva e alta umidade.
- O Planalto Médio foi a região mais afetada, com 5.584 esporos coletados, seguido pelo Planalto Superior–Serra do Nordeste e Alto/Médio Vale do Uruguai, destacando a importância do monitoramento para antecipar riscos e orientar o manejo da doença.
- O programa Monitora Ferrugem RS mantém coletores em 77 lavouras e atualiza dados semanalmente, oferecendo mapas online para produtores, enquanto o vazio sanitário vigente até 30 de setembro é fundamental para interromper o ciclo do fungo.
A ferrugem asiática, principal doença da soja, apresentou altos níveis de infecção logo no início da safra 2024/2025 no Rio Grande do Sul. No entanto, o clima seco e as ondas de calor registradas entre fevereiro e março atuaram como um freio natural, contendo a propagação do fungo e resultando em um avanço menor que o observado na safra anterior, influenciada pelo El Niño. As informações são do programa de monitoramento aerobiológico do governo do estado.
O monitoramento realizado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e pela Emater/RS-Ascar detectou os primeiros focos já em outubro de 2024, logo após o fim do vazio sanitário, em lavouras de Cruz Alta.
De acordo com a Circular Técnica nº 29 – Programa Monitora Ferrugem RS, os municípios de Muitos Capões (602 esporos), Três Passos (372), Ijuí (293) e Cruz Alta (205) registraram as maiores concentrações do fungo Phakopsora pachyrhizi nas semanas iniciais. A análise mostrou que os picos de esporos ocorreram sempre após períodos de chuva e com alta umidade relativa do ar.
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Entre as regiões, o Planalto Médio foi a mais crítica, com a impressionante marca de 5.584 esporos coletados, seguido pelo Planalto Superior–Serra do Nordeste (2.908) e pelo Alto/Médio Vale do Uruguai (2.281).
Ação do clima e importância do monitoramento
A pesquisadora doutora em fitopatologia da Seapi, Andréia Mara Rotta de Oliveira é uma das autoras do estudo. E explica que os resultados “reforçam a relevância do monitoramento climático aliado à vigilância do patógeno como estratégia essencial para o manejo preventivo”.
Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV/Seapi), enfatiza que o objetivo do programa é justamente fornecer um prognóstico de risco. “As informações geradas podem ser utilizadas para o início do controle da doença e para a tomada de decisão quanto ao uso de fungicidas”, disse.
O programa mantém coletores em 77 lavouras distribuídas por 75 municípios, cobrindo as 11 regiões ecoclimáticas do RS. Os dados são atualizados semanalmente e disponibilizados em mapas online, servindo como uma ferramenta vital para o produtor rural.
Atualmente, o estado cumpre o vazio sanitário da soja, que segue até 30 de setembro. A medida, que proíbe a manutenção de plantas vivas no campo, é considerada fundamental para quebrar o ciclo do fungo. E, portanto, reduzir a pressão de incidência da ferrugem asiática na próxima safra.