Resumo da notícia
- A guavira, fruto símbolo de Mato Grosso do Sul, floresce entre setembro e outubro na seca, com flores efêmeras que duram poucos dias, impulsionando a gastronomia do Cerrado com seu sabor doce e ácido.
- As abelhas são essenciais para a polinização da guavira, aumentando a frutificação ao transportar pólen, processo que leva cerca de dois meses para resultar em frutos.
- A guavira resiste a incêndios graças às suas raízes profundas e casca espessa, permitindo rápido rebrote e contribuindo para a regeneração e biodiversidade do Cerrado.
- A UFMS desenvolve produtos inovadores com a guavira, como farinha integral e isotônico, aproveitando toda a fruta para agregar valor à produção regional e reduzir desperdícios.
Depois dos ipês, as flores da guavira colorem o Cerrado de Mato Grosso do Sul. A espécie nativa do bioma encanta com suas flores delicadas e produz frutos de sabor doce e levemente ácido, que conquistam paladares e impulsionam a gastronomia regional.
A guavira, também conhecida como gabiroba (Campomanesia spp.), floresce em um período curto, entre setembro e outubro, durante a estiagem. As flores duram apenas três a quatro dias em cada arbusto, criando um espetáculo efêmero no Cerrado.
A guavira pertence à família Myrtaceae e inclui diversas espécies do gênero Campomanesia, sendo a Campomanesia xanthocarpa uma das mais comuns no Centro-Oeste brasileiro. O fruto possui casca fina, polpa suculenta e pode ser consumido in natura ou transformado em sucos, geleias, licores e doces.
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Abelhas trabalham na formação dos frutos
As flores dependem da ação das abelhas para a polinização. Esses insetos visitam a planta em busca de néctar e pólen, que utilizam na produção de mel. Ao transportarem o pólen entre as flores, as abelhas contribuem para a fecundação e o surgimento dos frutos, processo que leva cerca de dois meses.
A polinização cruzada realizada pelas abelhas aumenta significativamente a taxa de frutificação da guavira, tornando esses insetos essenciais para a produção.
Resistência ao fogo garante sobrevivência no Cerrado
Uma das características mais notáveis da guavira é sua capacidade de resistir a incêndios. Os arbustos de guavira possuem raízes profundas e casca espessa que protegem a planta durante queimadas, permitindo que rebrotam rapidamente após o fogo. Essa adaptação torna a espécie fundamental para a regeneração do Cerrado e a manutenção da biodiversidade.

A guavira cresce naturalmente no final da estiagem e produz frutos em abundância nos meses seguintes, garantindo alimento para a fauna local e para comunidades tradicionais que praticam o extrativismo.
UFMS transforma fruta em produtos inovadores
Reconhecida por lei como fruto símbolo de Mato Grosso do Sul, a guavira tem se tornado referência na gastronomia regional. O laboratório do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) desenvolve diversos produtos a partir da fruta.
Entre os derivados estão farinha integral, casca cristalizada, isotônico da polpa e chá da casca. A farinha de guavira apresenta alto teor de fibras e compostos antioxidantes, podendo ser utilizada em produtos de panificação e confeitaria. O aproveitamento integral da fruta reduz desperdícios e agrega valor à produção regional.
Valor nutricional atrai interesse científico
A guavira é rica em vitamina C, fibras, compostos fenólicos e carotenoides, apresentando propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Estudos indicam que o consumo regular da fruta pode contribuir para a saúde cardiovascular e o fortalecimento do sistema imunológico.

A polpa da guavira contém cerca de 20 mg de vitamina C por 100 gramas, quantidade comparável à de frutas cítricas tradicionais. O perfil nutricional diferenciado tem atraído pesquisadores interessados em explorar o potencial funcional da fruta.
Campo Grande cultiva tradição e arborização
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, lidera o ranking nacional de arborização urbana. A cidade recebe há seis anos consecutivos o título internacional de “Tree City of the World” (Cidade Árvore do Mundo).
Dados do Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam Campo Grande como a capital mais arborizada do Brasil. O levantamento aponta que 91,4% dos domicílios da capital ficam em vias públicas com ao menos uma árvore. O estudo considerou apenas árvores em áreas públicas, excluindo quintais privados.
A presença da guavira na paisagem urbana reforça a conexão da população com o Cerrado e mantém viva a tradição de “catar” a fruta, prática comum entre moradores da região que saem para colher os frutos em áreas preservadas.
Preservação garante futuro da espécie
Apesar da resistência natural, a guavira enfrenta desafios com a expansão agropecuária e a degradação do Cerrado. Iniciativas de cultivo sustentável e extrativismo comunitário têm surgido como alternativas para conciliar conservação ambiental e geração de renda.
A valorização de produtos regionais derivados da guavira fortalece cadeias produtivas locais e incentiva a preservação do bioma. O reconhecimento da fruta como símbolo estadual representa um passo importante para a conservação dessa espécie emblemática do Cerrado sul-mato-grossense.