FGV EMAp participa de estudo que usa inteligência artificial para avaliar maciez da carne por fotos de celular

Pesquisadores do Brasil, Canadá e Estados Unidos criaram um sistema de inteligência artificial (IA) que prevê a maciez e o percentual de gordura intramuscular da carne crua por meio de fotos tiradas com celular. O modelo usou 924 imagens de bifes bovinos e 514 de carne suína, capturadas em ambiente controlado com iluminação padrão, durante um ano de coleta coordenada pela equipe do pesquisador Márcio Duarte, da University of Guelph, no Canadá.

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A partir dessas imagens, o pesquisador João Dórea, da University of Wisconsin-Madison, liderou o desenvolvimento do projeto. O pesquisador Guilherme Lobato Menezes e Dário Oliveira, da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp), treinaram redes neurais capazes de analisar as fotos e prever a qualidade da carne. Cada imagem recebeu dados laboratoriais, como a força de cisalhamento, que indica a resistência ao corte, e o teor de gordura entre as fibras musculares.

Categorias

O modelo classificou cortes em categorias como “macia”, “intermediária” e “dura”, além de estimar valores numéricos exatos de maciez e gordura. A precisão do sistema mostrou-se superior à dos consumidores: ele acertou 76,5% das previsões para maciez na carne bovina, contra 46,7% dos participantes humanos. Para a carne suína, a IA atingiu 81,5% de acerto, enquanto a gordura intramuscular apresentou 77% e 79% de precisão nas carnes bovina e suína, respectivamente.

“Estimamos o percentual de gordura intramuscular com grande precisão, algo essencial para definir a suculência e sabor da carne, e que o consumidor dificilmente avalia só olhando”, destacou Guilherme Menezes.

Atualmente, o sistema funciona para cortes de contrafilé bovino e lombo suíno. Os pesquisadores planejam testar o modelo em outros cortes e diferentes condições. O objetivo é apoiar o desenvolvimento de aplicativos que ajudem consumidores a escolher cortes de melhor qualidade na compra. Além de preservar transparência e justiça na precificação para a indústria.

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Para o pesquisador Dário Oliveira, da FGV EMAp, essa inovação pode transformar a cadeia produtiva da carne no Brasil. O país é um dos maiores produtores e exportadores mundiais do setor. Além de gerar impacto direto na vida das pessoas e na economia do país.

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