Resumo da notícia
- A Embrapa apresenta soluções inovadoras para a agricultura brasileira enfrentar as mudanças climáticas, destacando práticas regenerativas para aumentar a sustentabilidade e a saúde do solo durante a Conferência RTRS em São Paulo.
- O Brasil se destaca mundialmente em eficiência agrícola graças a tecnologias como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta, bioinsumos e agricultura de precisão, que aumentam produtividade e reduzem emissões de gases de efeito estufa.
- Desde os anos 1970, a Embrapa desenvolve tecnologias sustentáveis, como a fixação biológica de nitrogênio e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que aprimoram o manejo do solo e orientam práticas agrícolas mais seguras e eficientes.
- O Programa Soja Baixo Carbono, lançado pela Embrapa, certifica produtores que adotam práticas para reduzir até 30% das emissões de gases de efeito estufa e estará disponível a partir da safra 2026/2027 com selo de sustentabilidade.
A agricultura brasileira enfrenta um desafio crucial: produzir alimentos suficientes em meio às mudanças climáticas. Especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentam soluções inovadoras durante a Conferência Internacional da Mesa Global da Soja Responsável (RTRS), nos dias 17 e 18 de setembro, no Expo Center Norte, São Paulo.
O pesquisador Marco Antonio Nogueira, especialista em Fertilidade e Microbiologia do Solo da Embrapa Soja, conduz a palestra “Adaptação Climática: práticas regenerativas para resiliência”. A apresentação ocorre na sessão 4, dia 18, e aborda caminhos práticos para implementar sistemas agrícolas regenerativos.

“Discutimos como aumentar a sustentabilidade e a saúde do solo em nossos sistemas de produção”, explica Nogueira. “Estes temas conectam-se com o conceito de saúde única.”
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A palestra destaca ferramentas inovadoras que equilibram produtividade e segurança alimentar em cenários de instabilidade climática.
Brasil torna-se referência mundial em eficiência agrícola
O país superou desafios adicionais da produção tropical e conquistou posição de destaque mundial. A Embrapa desenvolveu tecnologias adaptadas às condições brasileiras ao longo de décadas.
Os principais avanços incluem:
- Correção da fertilidade de solos naturalmente pobres
- Sistema de plantio direto
- Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)
- Uso de bioinsumos
- Mapeamento detalhado de solos
- Zoneamento agrícola de risco climático
- Agricultura de precisão
“Essas soluções aumentam a produtividade e fortalecem a saúde do solo”, destaca Nogueira. “As práticas adequadas reduzem emissões de gases de efeito estufa e favorecem a imobilização de carbono no solo.”
Embrapa desenvolve tecnologias sustentáveis há cinco décadas
Desde os anos 1970, a Embrapa atua no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para agricultura tropical. A fixação biológica de nitrogênio (FBN) representa um dos maiores sucessos da instituição.
Pesquisas da Embrapa selecionaram bactérias altamente eficientes para FBN. Três das quatro cepas autorizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para produção de inoculantes vieram da empresa.
A Embrapa criou práticas inovadoras de manejo conservacionista. O Sistema Santa Fé integra braquiárias a culturas como milho e soja, aumentando produção de forragem e melhorando propriedades do solo.
A instituição também desenvolveu o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Esta ferramenta orienta épocas e locais mais seguros para cultivo.
Programa Soja Baixo Carbono estabelece novo padrão sustentável
O mais recente projeto da Embrapa é o Programa Soja Baixo Carbono (PSBC). O protocolo certifica produtores que adotam práticas capazes de reduzir até 30% das emissões de gases de efeito estufa.
O selo estará disponível a partir da safra 2026/2027, por meio de certificadoras licenciadas. O objetivo é atender à crescente demanda mundial por soja sustentável, alinhando produtividade com responsabilidade socioambiental.
Brasil lidera mundialmente no uso de insumos biológicos
O mundo registra aumento significativo no uso de insumos biológicos na agricultura. O Brasil apresenta taxas de crescimento anuais de dois dígitos neste setor.
Pesquisas mundiais revelam que produtores brasileiros mostram maior disposição para usar insumos biológicos. A experiência prévia com inoculantes e agentes biológicos de controle explica essa tendência.
“Atualmente, mais insumos biológicos que químicos controlam fitonematoides na cultura da soja”, afirma Nogueira. “Observamos uma transição gradual para tecnologias de menor impacto ambiental.”
Em 2024, 206 milhões de doses de inoculantes foram comercializadas no Brasil. Este volume reflete taxa média de crescimento anual de 20% nos últimos cinco anos.
A adoção crescente do Sistema Plantio Direto (SPD) e insumos biológicos exemplifica a evolução dos produtores brasileiros. O setor privado impulsiona essa transformação.
RTRS promove diálogo sobre produção responsável
A Mesa Global da Soja Responsável contribui estimulando debates entre diversos atores da cadeia produtiva. A organização fomenta diálogo sobre produção sustentável com responsabilidade social e ambiental.
“A RTRS estimula a cadeia de produção a adotar boas práticas”, ressalta Nogueira. “Essas iniciativas encontram-se com práticas e tecnologias sustentáveis desenvolvidas pela pesquisa nacional.”
As estratégias de transferência de tecnologia, pública e privada, contribuem para adoção de tecnologias regenerativas. Produtores percebem vantagens para seus sistemas e benefícios para toda a sociedade.
“A agricultura brasileira contribui com a sociedade além da produção de alimentos, fibras e bioenergia”, conclui o pesquisador.