Resumo da notícia
- O 39º Festival de Jabuticaba em Sabará, Minas Gerais, ocorre de 20 a 23 de novembro, reunindo produtores e visitantes para celebrar a fruta, eleita a segunda melhor do mundo em 2023, com diversas opções de derivados e eventos culturais.
- A agricultura familiar local depende da jabuticaba para aumentar a renda, com pequenos produtores cuidando dos pomares e comercializando a fruta e seus derivados durante o festival e no comércio local.
- A Emater oferece suporte técnico aos produtores, promovendo cursos, assistência na legalização sanitária e organizando o Concurso de Derivados, que valoriza o trabalho das produtoras e melhora a qualidade dos produtos.
- O festival destaca o protagonismo feminino na produção da jabuticaba, com mulheres responsáveis pelo cultivo e fabricação dos derivados, enquanto a comercialização envolve a participação da família.
Novembro chegou e, com ele, o cheiro doce da jabuticaba toma conta das ruas de Sabará, Minas Gerais. É tempo de colheita, de festa e de histórias que se misturam ao sabor da fruta pretinha, símbolo da cultura mineira. A cidade respira o clima do 39º Festival de Jabuticaba, o maior do país, que começou na última quinta-feira (dia 20) e segue até hoje, domingo dia 23.
O evento, organizado pela Associação de Produtores de Derivados da Jabuticaba de Sabará (Asprodejas), é ponto de encontro para quem quer provar doces, compotas, bombons, vinhos, sorvetes, geleias e até molhos feitos da fruta que, em 2023, foi eleita a segunda melhor do mundo por um ranking internacional.
Além das barracas cheias de tentações, o festival oferece mini eventos culturais: chefs de cozinha fazem performances ao vivo, tem rodas de música e até a possibilidade de alugar um pé de jabuticaba em quintais de agricultores familiares para degustar a fruta no pé. É uma experiência que mistura sabor, cultura e contato direto com quem planta e transforma a jabuticaba em renda.
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A jabuticaba é parte importante da agricultura familiar em municípios mineiros. Entre o plantio de outras frutas e hortaliças, pequenos produtores cuidam dos pomares, onde a fruta pretinha e saborosa floresce nos meses de novembro e dezembro. Nessa época, as vendas no comércio local e nos festivais ajudam a aumentar a renda das famílias, garantindo um complemento importante no orçamento.
Suporte
Antes de chegar às barracas do festival, a jabuticaba passa por um processo de cuidado e assistência técnica. A Emater, empresa de assistência técnica e extensão rural, atua junto aos produtores de Sabará para fomentar a cadeia produtiva. “A gente faz cursos de poda e adubação, ajuda as mulheres que fazem derivados e ainda faz a ponte com a política pública de legalização sanitária”, explica Silvia Carolina Maia, extensionista de Bem-estar Social da Emater em Sabará.
A Emater também organiza os produtores que vendem jabuticaba in natura no festival. No pré-festival, a empresa promove o Concurso de Derivados de Jabuticaba, realizado em outubro, quando um corpo de jurados escolhe os melhores produtos. “A ideia é dar um retorno técnico sobre o trabalho das mulheres que produzem pro festival”, conta Sílvia.
A Asprodejas reúne 27 produtoras responsáveis por fabricar mais de 100 itens diferentes de derivados da jabuticaba. Neste ano, o festival celebra a conquista do Selo de Indicação Geográfica, que valoriza o produto e abre portas para o mercado interno e exportação. “O selo é um reconhecimento da qualidade e da tradição que a gente carrega”, diz uma das produtoras.
Força feminina
Nos pomares, as mulheres são as grandes protagonistas. “Elas cuidam muito mais do que os homens, mas quando chega a hora da comercialização, entra a família toda. Geralmente, os homens fazem o processo de venda”, conta Sílvia. O superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Feliciano Nogueira de Oliveira, destaca que a jabuticaba, tradicionalmente cultivada em pomares domésticos, chácaras e pequenos sítios, vem ganhando espaço comercial. “Ainda não temos grandes cultivos comerciais, mas a produção se consolidou no mercado, chegando a restaurantes, lanchonetes e produtos como sucos e sorvetes”, afirma.
A fruta é típica das regiões Sul, Sudeste e Centro do país, com maior presença nas áreas de Mata Atlântica. Em Sabará, o festival recebe cerca de 100 mil pessoas por dia e já registrou a venda de seis toneladas de jabuticaba em uma edição. “Não existe plantio comercial, são vários pomares domésticos e algumas propriedades maiores, por isso não temos números exatos de produção”, explica Sílvia.
A jabuticaba é mais do que uma fruta: é história, cultura e renda para famílias que transformam o sabor da terra em negócios e tradições que se renovam a cada colheita.