Resumo da notícia
- O kombucha, bebida fermentada com mais de 2 mil anos, ganha popularidade no Brasil por seus potenciais benefícios à saúde intestinal, imunidade e propriedades antioxidantes, embora evidências científicas ainda sejam limitadas.
- A fabricação caseira do kombucha exige cuidados rigorosos de higiene para evitar contaminações, e o consumo é contraindicado para grávidas, crianças, imunodeprimidos e pessoas com doenças hepáticas devido a riscos de infecções e teor alcoólico variável.
- O mercado brasileiro de kombucha cresce rapidamente, com aumento de 923% na produção em seis anos, impulsionado pela regulamentação e oferta de versões industrializadas em grandes redes de supermercados.
- Especialistas recomendam consumo moderado, até 120 ml três vezes ao dia, reforçando que kombucha é um complemento alimentar e não um remédio, devendo ser parte de um estilo de vida equilibrado.
Uma bebida fermentada de origem asiática, com mais de 2 mil anos de história, ganha espaço nas prateleiras de supermercados e nas cozinhas de entusiastas da vida saudável.Adeptos apontam o kombucha, elaborado pela fermentação de chá adoçado com a cultura de bactérias e leveduras conhecida como SCOBY, como um elixir natural para a saúde intestinal e a imunidade. Mas será que a ciência respalda tanto entusiasmo?
Entre os benefícios mais propagados estão sua ação probiótica – com micro-organismos que podem equilibrar a flora intestinal –, propriedades antioxidantes e presença de vitaminas do complexo B. Estudos preliminares, como os citados em revisões da Mayo Clinic e de universidades, também sugerem possível regulação dos níveis de açúcar no sangue e estímulo à desintoxicação hepática.
No entanto, especialistas ressaltam: as evidências ainda são limitadas. “Muitos dos benefícios atribuídos ao kombucha vêm de tradições ou relatos anecdóticos. Faltam pesquisas robustas em humanos para comprovar seus efeitos”, adverte um nutricionista consultado.
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Riscos e cuidados necessários
A bebida não é isenta de controvérsias. Seu preparo caseiro exige higiene rigorosa: contaminação por fungos ou bactérias maléficas pode ocorrer se o processo não for bem controlado. Além disso, o kombucha contém traços de álcool resultantes da fermentação – em versões industriais, o teor geralmente fica abaixo de 0,5%, mas algumas variedades chegam a 3% ou 5%.
Grávidas, crianças, imunodeprimidos e pessoas com doenças hepáticas prévias devem evitar o consumo, devido ao risco de infecções ou reações adversas.

A popularidade do kombucha caseiro cresce em fóruns online e redes sociais. Com apenas chá, açúcar, um SCOBY – muitas vezes doado por outros produtores – e paciência para semanas de fermentação, qualquer pessoa pode tentar reproduzir a bebida em casa. Entusiastas celebram a personalização de sabores com frutas, especiarias e ervas.
Um mercado em expansão
Marcas comerciais já oferecem o produto em versões pasteurizadas e com sabores variados, do clássico chá verde ao de maracujá e gengibre. Redes de supermercados no Brasil, como Pão de Açúcar e St. Marche, já disponibilizam o produto na seção de bebidas especiais.
A recomendação geral é clara: até 120 ml, três vezes ao dia, para evitar desconfortos gástricos ou excesso de açúcar. E, acima de tudo, kombucha não é remédio. Mas sim um complemento alimentar que deve ser inserido em um estilo de vida equilibrado.
Setor de kombucha cresce 923% em seis anos após regulamentação no Brasil
O setor de kombucha no Brasil vive uma fase de expansão. Em seis anos, a produção da bebida fermentada cresceu 923%, impulsionada pela regulamentação que trouxe clareza e segurança jurídica para produtores e consumidores.
Hoje, o país conta com 249 fabricantes registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). São Paulo lidera com 42 empresas autorizadas.

O tema ganhou destaque na 4ª Conferência Nacional de Produtores de Kombucha (Conakom), realizada nesta segunda-feira (1º), em São Paulo. A auditora fiscal federal agropecuária do Mapa, Patrícia Schober, explicou as regras do setor, como a Instrução Normativa nº 41/2019, que define padrões de identidade e qualidade da bebida.
Orientação e fiscalização
O Conakom aconteceu em conjunto com o Softdrinks Tech – 4º Salão de Tecnologia e Bebidas Não Alcoólicas. No evento, o Mapa orientou produtores sobre registro de estabelecimentos e produtos, além de alertar sobre irregularidades comuns detectadas em fiscalizações.
Para fortalecer o setor, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov/SDA) oferece cursos gratuitos na plataforma da Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro). Os treinamentos abordam registro, boas práticas de produção e também importação e exportação de bebidas.
O Dipov também consolidou a legislação de bebidas, vinhos e vinagres em um único documento. A Instrução Normativa nº 140/2024, conhecida como Cartilhão de Bebidas, já está disponível no site do Mapa e facilita o acesso às normas por parte dos produtores.
Entre a tradição e a ciência, o kombucha segue como uma tendência gastronómica e de bem-estar, mas seu consumo exige informação e cautela. Seja na versão industrial ou na artesanal, uma coisa é certa: veio para ficar – e fermentar – cada vez mais.