Foto: Divulgação - Embrapa / Matheus Falanga

Um estudo inédito da Embrapa Instrumentação, em parceria com a Bayer, revelou ganhos expressivos de carbono em solos agrícolas brasileiros. Os pesquisadores usaram técnicas a laser para medir o carbono no solo em fazendas do Cerrado, Mata Atlântica e Pampa.

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No Cerrado, os solos com manejo sustentável, como o plantio direto, armazenaram até 50% mais carbono que áreas nativas. A pesquisa tem impacto direto no combate às mudanças climáticas e fortalece o mercado de créditos de carbono no Brasil.

Estudo em fazendas comerciais

Foto: divulgação – Embrapa / Vitor Freitas

O trabalho seguiu o modelo on-farm, realizado durante a produção de soja, milho e algodão. Foram avaliadas 11 fazendas comerciais nos últimos cinco anos. Em geral, o objetivo foi produzir dados confiáveis em solos tropicais e subtropicais, incentivando sistemas conservacionistas. As ações se alinham ao Plano ABC+ e ao programa PRO Carbono da Bayer.

Cerrado mostra maior potencial

O químico Vitor da Silveira Freitas, sob orientação de Ladislau Martin Neto, destacou o ganho de até 250 toneladas por hectare. A média supera os 155 toneladas registradas em vegetação nativa do Cerrado.

Na Mata Atlântica, a mudança de uso da terra reduziu o carbono. Já no Pampa, os estoques se mantiveram estáveis. Martin Neto afirmou que práticas como plantio direto aumentam a fertilidade, sequestram carbono e trazem retorno econômico ao produtor.

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Técnicas rápidas e eficazes

Os cientistas usaram duas técnicas fotônicas. A espectroscopia de plasma induzido por laser (LIBS) quantificou o carbono. Já a fluorescência induzida por laser (LIFS) identificou a origem do material orgânico. Segundo a pesquisadora Débora Milori, a técnica LIBS substitui o método internacional CHN com menor custo e mais rapidez.

A empresa Agrorobótica, spin-off da Embrapa, já oferece a tecnologia no mercado. A certificadora Verra reconhece o método no mercado voluntário de carbono.

Impacto no agro brasileiro

Adriano Anselmi, líder técnico da Bayer, afirmou que mensurar o carbono com métricas confiáveis apoia a mitigação dos gases de efeito estufa. Ele ressaltou a importância do monitoramento, relato e verificação (MRV) com ferramentas digitais como Connecta Procarbono e Climate Fieldview.

Martin Neto explicou que a matéria orgânica do solo (MOS) é sensível ao uso da terra. Sua redução pode comprometer a saúde e a produtividade do solo. Por outro lado, a restauração da MOS melhora a fertilidade, aumenta a retenção de água e amplia a produtividade agrícola.

Futuro do agro sustentável

Os pesquisadores concluíram que o uso combinado de técnicas fotônicas traz rapidez, precisão e custo menor para medir carbono. Para Martin Neto, manter e ampliar a MOS é essencial.
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