Primeiro MS Citrus Summit reúne 400 participantes e revela estratégias para transformar 30 municípios em polos produtores de laranja
Foto: Mairinco de Pauda

Mato Grosso do Sul desponta como a nova potência da citricultura nacional. O 1º MS Citrus Summit, realizado em Três Lagoas nos dias 10 e 11 de dezembro, reuniu quase 400 participantes. E confirmou o avanço do Estado em um setor capaz de gerar até 10 mil empregos diretos. Além de transformar o perfil econômico de aproximadamente 30 municípios.

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O evento, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), contou com apoio da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e da Prefeitura de Três Lagoas.

Embora ainda não figure entre os maiores produtores nacionais, Mato Grosso do Sul vive uma expansão acelerada. Gigantes do setor como Cutrale, Cambuy, Frucamp, Agro Terena, Citrosuco e Grupo Junqueira Rodas já atuam ou iniciam implantação de pomares no território sul-mato-grossense.

A Cutrale, maior empresa de suco de laranja do mundo, avança no plantio em Sidrolândia com projeção de atingir 8 milhões de caixas por safra quando em plena produção. Dados oficiais indicam que o Estado já ultrapassa 15 mil hectares de citros plantados, com mais 40 mil hectares em fase de implantação.

Os investimentos se concentram em municípios estratégicos como Sidrolândia, Campo Grande, Terenos, Ribas do Rio Pardo, Dois Irmãos do Buriti, Aparecida do Taboado, Cassilândia, Três Lagoas, Bataguassu e Paranaíba.

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Tolerância zero ao greening garante diferencial competitivo

O governador Eduardo Riedel destacou na abertura do evento a importância da construção de bases sólidas para o setor. “Temos grandes desafios. São oportunidades como esta que precisamos aproveitar para nivelar conhecimento. Podemos caminhar juntos em um setor que gera emprego, renda e novas oportunidades para nossa gente”, afirmou.

Foto: Mairinco de Pauda

A política estadual de tolerância zero ao greening,doença que já devastou pomares no Brasil e no mundo, representa um dos principais atrativos para investidores. A defesa sanitária rigorosa foi tema central da capacitação técnica realizada no dia 10 de dezembro, que reuniu equipes de 30 prefeituras, além de servidores da Agraer e Iagro.

“O Estado tem clima, solo, isolamento produtivo e, desde o primeiro dia, apoio incondicional do Governo. O cenário é extremamente favorável para ter uma citricultura de alta produtividade e fruta de padrão premium”, avaliou Juliano Ayres, diretor executivo da Fundecitrus.

Expansão sustentável sem desmatamento

O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta, enfatizou o diferencial ambiental do modelo adotado em Mato Grosso do Sul. A expansão da citricultura ocorre exclusivamente por meio da conversão de áreas de pastagens, sem necessidade de desmatamento.

“Temos 18 milhões de hectares de pastagens aptas para a transição para outras culturas. A citricultura é mais um exemplo de diversificação sustentável”, explicou Beretta.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, destacou a rapidez da consolidação do setor. “Rapidamente trouxemos os principais players e estruturamos nossas instituições com capacitação, fiscalização e orientação. Hoje, os pomares projetados já colocam MS como o terceiro Estado em área plantada”, afirmou.

Entre os principais desafios identificados durante o Summit está a questão da mão de obra qualificada. O secretário Verruck apontou novas estratégias em desenvolvimento, incluindo estímulo à mecanização e absorção de trabalhadores indígenas, que já possuem experiência em colheitas de outras culturas em diferentes estados.

Visita técnica revela práticas de alta tecnologia

A programação do MS Citrus Summit foi encerrada na quinta-feira (11) com visita técnica à Fazenda Paraíso, próxima a Água Clara. A propriedade, que iniciou o plantio de forma modesta em 2007, hoje cultiva 230 hectares e possui quase 20 anos de tradição na fruticultura estadual.

Foto: Mairinco de Pauda

Os mais de 300 participantes conheceram métodos de manejo da laranja, tratamentos fitossanitários, características de porta-enxertos e variedades adaptadas à região, além do sistema de irrigação e produção de limão Tahiti. A fazenda destina frutas selecionadas para mercados de Campo Grande, Belo Horizonte, Ceasa de São Paulo, Rondônia e Manaus, enquanto produtos fora do padrão seguem para indústrias paulistas.

A propriedade também serviu como modelo de gestão de recursos humanos, recebendo 80 trabalhadores sazonais, principalmente da região Nordeste, que permanecem cerca de dez meses com alojamento, alimentação e benefícios completos.

“O momento foi essencial para que os participantes do MS Citrus Summit pudessem conhecer na prática uma citricultura já estabelecida e produzindo com alta tecnologia”, concluiu Beretta.