Ação inédita envolve 50 municípios e uso de armadilhas para mapear a praga
Produção de milho

A Emater/RS-Ascar, em parceria com a Rede Técnica Cooperativa (RTC), iniciou neste ano uma ação coordenada para monitorar a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), praga que ameaça as lavouras gaúchas. O projeto abrange cerca de 50 municípios. Técnicos da Emater visitam semanalmente propriedades para trocar armadilhas e contar os insetos capturados. Esses dados seguem para a RTC, que consolida as informações e elabora um mapa estadual de ocorrência.

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Esta é a primeira vez que a Emater e a RTC atuam em conjunto nesse monitoramento. Antes, o trabalho era feito de forma isolada, seja por cooperativas ou extensionistas autônomos.

Elder Dal Prá, extensionista rural da Emater, explica que a cigarrinha-do-milho é uma praga recente no RS, com registros a partir das safras de 2020 e 2021. “Embora cause poucos danos diretos à planta, o inseto transmite bactérias e vírus que provocam enfezamentos — doenças que não têm controle e reduzem a produtividade”, alerta.

O monitoramento ganha importância por permitir manejo estratégico da praga. Nem todas as cigarrinhas carregam os patógenos, pois elas precisam se alimentar antes de uma planta infectada. Por isso, amostras serão coletadas em locais específicos e testadas em laboratórios para detectar bactérias e vírus.

Ciclo da praga

O ciclo da cigarrinha dura cerca de 45 dias com temperatura favorável. O inseto deposita ovos no limbo foliar; as ninfas têm cor palha com manchas no abdômen e os adultos medem aproximadamente quatro milímetros, com cabeça clara e manchas negras, que facilitam sua identificação no campo.

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Foto: Fabrícia Torres.

A cigarrinha vive principalmente no cartucho e folhas jovens do milho. O manejo integrado inclui eliminação do milho voluntário, monitoramento constante, uso de cultivares menos suscetíveis, semeadura em época única, tratamento de sementes com inseticidas e aplicação de inseticidas conforme a incidência.

Para o produtor Jesus Amilton Amaral, de Lindolfo Collor, o monitoramento é fundamental. “Planto milho há quatro anos e a cigarrinha só apareceu recentemente. No ano passado, perdi parte da lavoura. As armadilhas vão ajudar a identificar a praga logo e agir antes que cause mais danos”, diz.

Ele destaca que a rotina na lavoura exige atenção diária e aprendizado constante. “Estou há dois meses direto no campo, sem ir para a cidade. É trabalho duro, mas o monitoramento traz segurança para continuar produzindo mesmo com as dificuldades.”