Surto de intoxicação foi provocado pela ingestão de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda
cavalos

Uma crise sanitária sem precedentes na nutrição animal já vitimou mais de 200 cavalos em seis estados brasileiros, após consumo de rações da Nutratta Nutrição Animal Ltda. E o número pode ser muito maior, chegando ate a 600 animais. A contaminação por monocrotalina resultou na proibição e recolhimento de produtos, com vistoria federal em andamento.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Investigação e Ações do MAPA

O Ministério da Agricultura recebeu a primeira denúncia oficial em 26 de maio de 2025. Até o momento, foram confirmados 222 óbitos. Eles estão distribuídos principalmente em São Paulo (83), Rio de Janeiro (69) e Alagoas (65). Há ainda 195 casos sob apuração em Goiás, Minas Gerais e Bahia.Fiscalizações revelaram falhas graves na fábrica da Nutratta, incluindo ausência de rastreabilidade, mistura inadequada de matérias-primas e uso de ingredientes não autorizados. Em resposta, o MAPA proibiu o consumo de todos os produtos da empresa fabricados após 22/11/2024.

Prejuízo financeiro e genético

Um dos focos mais dramáticos da crise sanitária ocorreu na chácara Dia de Sol, localizada na zona rural de Guarulhos (SP), onde nove cavalos morreram após ingerirem a ração Foragge Horse, fabricada pela Nutratta Nutrição Animal Ltda.

Os animais apresentaram sintomas neurológicos severos, como agressividade repentina, desorientação, distúrbios do sono, dificuldade de locomoção e sinais de demência, compatíveis com os efeitos da monocrotalina — toxina identificada nas rações pela investigação do Ministério da Agricultura. Segundo relatório técnico da pasta, a substância é altamente tóxica para o fígado e o sistema nervoso de equinos. E foi confirmada em amostras coletadas após novembro de 2024.

O criador Marcos Barbosa, responsável pela chácara, revelou que 30 cavalos de seu plantel consumiram o produto antes que o uso fosse suspenso. Entre os animais mortos estava um exemplar avaliado em mais de R$ 2 milhões, reconhecido pela genética nobre e desempenho premiado na raça Mangalarga Marchador.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Reações e medidas emergenciais

Em nota, a Nutratta informou que colaborou com as autoridades, implementou medidas internas e obteve liminar para retomar parcialmente as atividades, exceto produção para equinos. A empresa nega vínculo comprovado entre suas rações e os óbitos

O Ministério Público de São Paulo instaurou investigação criminal desde 16 de junho, pedindo que a empresa comprove conformidade com as normas do MAPA sob pena de responsabilização civil e criminal.

Perspectivas para o setor

O caso gerou alarme entre criadores, veterinários e promotores de eventos equestres, levando a discussão sobre maior controle e rastreabilidade na nutrição animal. A situação ainda está em evolução. Os produtores estão orientados a não utilizar produtos da Nutratta. E além disso, reportar sintomas suspeitos via Ouvidoria do MAPA.

O episódio envolvendo a ração representa um dos maiores desastres da nutrição animal no Brasil, com impactos econômicos, emocionais e sanitários. A crise reforça a necessidade urgente de controle rigoroso sobre a produção de rações e proteção da saúde animal.