Resumo da notícia
- A Embrapa Amazônia Oriental identificou clones de murucizeiro com genética superior, apresentando altos teores de macronutrientes, vitamina C e carotenoides, que podem transformar a fruta em produto comercial de alto valor.
- Os clones Maracanã-1 e Maracanã-2 destacam-se por suas qualidades nutricionais e abrem caminho para programas de melhoramento genético e produção em escala comercial.
- O murici contém antioxidantes que protegem a saúde ocular, da pele, fortalecem o sistema imunológico e promovem o funcionamento cerebral, atraindo interesse do mercado e da indústria alimentícia.
- A fruta amazônica é consumida tradicionalmente em sucos e doces, enquanto chefs contemporâneos a incorporam na gastronomia, valorizando seu sabor único e autenticidade regional.
A Embrapa Amazônia Oriental identificou clones de murucizeiro (Byrsonima crassifolia) com genética superior que podem transformar esta fruta nativa em produto comercial de alto valor. A pesquisa analisou a composição química de diferentes variedades e encontrou teores excepcionais de macronutrientes, vitamina C e carotenoides.
Os cientistas selecionaram genótipos que apresentam características nutricionais impressionantes. O murici concentra lipídeos em níveis semelhantes ao buriti, proteínas que superam a graviola e fibras tão abundantes quanto o açaí. A descoberta representa um marco para domesticar a espécie e ampliar sua produção além do extrativismo tradicional.
Composição nutricional atrai mercado e especialistas
Os clones Maracanã-1 e Maracanã-2 se destacaram na pesquisa e abrem caminho para programas de melhoramento genético. A Embrapa busca agora otimizar a produção em escala comercial, transformando o murici em alternativa viável para agricultores e indústria alimentícia.
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A fruta fornece quantidades significativas de vitamina C e carotenoides como luteína e zeaxantina. Esses compostos combatem radicais livres e protegem a saúde ocular e da pele. Os antioxidantes também fortalecem o sistema imunológico e contribuem para o funcionamento cerebral.
Gastronomia descobre sabor único da fruta amazônica
Comunidades da Amazônia e do Nordeste consomem o murici há gerações, aproveitando seu sabor que equilibra acidez e doçura. A população local prepara sucos, sorvetes, doces e consome a fruta in natura.

Chefs de cozinha contemporâneos começam a incorporar o murici em seus cardápios, atraídos pela autenticidade do ingrediente. A valorização da gastronomia regional impulsiona a demanda por frutas nativas com características sensoriais diferenciadas.
Medicina tradicional utiliza murici há séculos
A medicina popular emprega o murici e outras partes da planta no tratamento de diversas condições. Comunidades tradicionais usam a fruta para combater anemia, problemas intestinais e processos inflamatórios.
Os conhecimentos ancestrais despertam interesse científico para validar as propriedades terapêuticas da espécie. A presença de compostos bioativos justifica muitos dos usos tradicionais atribuídos ao murucizeiro.
O murici (Byrsonima crassifolia) pertence à família Malpighiaceae e ocorre naturalmente em regiões tropicais da América do Sul. A árvore alcança entre 3 e 8 metros de altura e produz frutos pequenos, arredondados e amarelos quando maduros.
A frutificação acontece principalmente entre dezembro e abril, período em que as comunidades realizam a coleta. Cada fruto mede aproximadamente 1 a 2 centímetros de diâmetro e apresenta polpa suculenta envolvendo um caroço.
A espécie se adapta a diversos tipos de solo e resiste bem a períodos de seca, características que facilitam o cultivo em diferentes regiões. O murucizeiro também desempenha papel ecológico importante, servindo de alimento para fauna silvestre e contribuindo para a conservação da biodiversidade.
A produção atual depende quase exclusivamente do extrativismo, sem plantios comerciais estabelecidos. A pesquisa da Embrapa visa mudar este cenário e consolidar o murici como cultura agrícola economicamente viável, gerando renda para agricultores familiares e preservando o patrimônio genético brasileiro.