Geada e seca deixam rastro de prejuízo na safra paulista

O coração do agronegócio brasileiro tomou um susto. A maior tempestade perfeita para a agricultura, uma combinação de seca implacável e geadas severas, acabou com parte da safra de cana-de-açúcar de São Paulo. O resultado? Uma queda de 5,2% na produção. O estado deve colher 335,3 milhões de toneladas na safra 2025/26. São 18 milhões de toneladas a menos que no ciclo anterior. Um baque.

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Os canaviais sofreram. A escassez hídrica nos meses cruciais atrofiou o crescimento. O inverno então veio com geadas consecutivas. E o estrago estava feito. A produtividade despencou 5,4%. Cada hectare do campo paulista rendeu menos. Bem menos.

E tem um paradoxo aí. As condições de estresse, que reduziram a quantidade de cana, normalmente concentram mais açúcar na planta. Mas não foi bem o que aconteceu. O ATR (Açúcar Total Recuperável) ficou 3% abaixo da safra passada. A natureza pregou uma peça.

A indústria precisou se virar nos 30. Com a queda na produção de cana, uma decisão estratégica tomou conta dos usineiros: priorizar o etanol. A partir de setembro, a valorização do biocombustível no mercado doméstico e a fraca cotação do açúcar no exterior tornaram a opção pelo álcool mais lucrativa. Foi uma mudança de rota forçada.

Produção de etanol

Só que a matemática é cruel. Mesmo direcionando mais cana para o etanol, a produção total do combustível em São Paulo vai cair drasticamente. Uma retração de 15,5%. Isso significa 11,44 bilhões de litros. O etanol hidratado, aquele que vai direto para o tanque do carro, sofreu o maior golpe: queda de 22,2%. A produção de açúcar, por incrível que pareça, até dá uma leve subida de 2,6%. São Paulo segue sendo o gigante nacional, respondendo por 59,3% de todo o açúcar do Brasil.

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O problema não é só de São Paulo. O Brasil inteiro sente o calor. Literalmente. Déficit hídrico, temperaturas altas e focos de incêndio castigaram o Centro-Sul. A safra nacional de cana deve recuar 1,6%. A produtividade média nacional também cai. O país produzirá menos cana, mesmo plantando mais. Um sinal de alerta.

Enquanto o etanol de cana cai 9,5% no país, o de milho dispara. Crescimento de 22,6%. O Mato Grosso consolida sua posição como o segundo maior produtor de etanol do Brasil. Uma mudança no tabuleiro energético nacional.

A safra 2025/26 deixa uma lição amarga. O clima dita as regras. E a indústria da cana precisa se adaptar. Rápido.