Nem todo herói usa capa. Alguns calçam botas, acordam antes do sol e enfrentam seca, chuva e boi bravo para manter o Brasil de pé, ou melhor, no prato. Todo 15 de julho, o país para (ou pelo menos deveria) para celebrar o Dia do Pecuarista, uma homenagem a quem vive no compasso do campo e garante comida na mesa e divisas no cofre nacional.
Mas o que, afinal, faz um pecuarista? De forma simples: cuida do gado. Seja de corte, seja de leite. Só que isso é só a ponta do iceberg. O Agro em Campo mostra que por trás da carne que chega ao churrasco de domingo ou do leite no café da manhã, há um universo de decisões, tecnologia e resiliência.
Um Brasil que pasta e exporta
A pecuária não é só importante: é gigante. O Brasil é líder mundial em exportação de carne bovina e também figura entre os maiores produtores de leite do planeta. Segundo dados da Embrapa e do Ministério da Agricultura, o setor movimenta mais de R$ 900 bilhões por ano, somando criação, processamento e distribuição.
Além disso, a pecuária é hoje tecnologia de ponta no campo. Monitoramento por satélite, sensores nos currais, rastreamento do rebanho e até inteligência artificial já fazem parte da rotina de quem está na lida. A nova geração quer produtividade com sustentabilidade. Por isso, integração lavoura-pecuária-floresta, pasto rotacionado e bem-estar animal ganham cada vez mais espaço.
Mais do que boi: gente
Apesar da fama de brutos, os pecuaristas têm mostrado que também sabem ser estratégicos e cuidadosos. Para eles, cada vaca conta e não é força de expressão. Uma novilha bem nutrida hoje pode representar lucro no futuro. É um jogo de paciência, precisão e amor pelo que se faz.

Além disso, não se trata apenas de grandes fazendas. De acordo com o IBGE, mais de 80% das propriedades rurais voltadas à pecuária são de pequeno e médio porte. É gente que levanta cedo, muitas vezes sem garantia de retorno, mas com fé de que o dia seguinte será melhor — como é típico do campo.
Reconhecimento que vem com o tempo
Criado nos anos 2000 por entidades como a Sociedade Nacional de Agricultura e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o Dia do Pecuarista nasceu para reconhecer uma força muitas vezes invisível para quem vive nas cidades.
A data é também um lembrete: por trás de cada picanha suculenta ou copo de leite gelado, há um produtor que enfrentou desafios climáticos, logísticos e econômicos para manter a cadeia funcionando.
Portanto, da próxima vez que for ao açougue ou pedir aquele hambúrguer artesanal, lembre-se de quem está na base dessa cadeia. Porque o Brasil, literalmente, não vive sem seus pecuaristas.
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