Resumo da notícia
- Uma operação do Ministério da Agricultura em Criciúma apreendeu 75 mil litros de cachaça clandestina, com três estabelecimentos fiscalizados e autuados por irregularidades e condições sanitárias inadequadas.
- O consumo de bebidas clandestinas representa risco à saúde pública, podendo causar intoxicações graves, cegueira e morte devido à falta de controle e presença de substâncias tóxicas.
- A fiscalização foi intensificada com novos servidores para proteger consumidores e garantir a qualidade dos produtos agrícolas, reforçando a necessidade de registro e cumprimento das normas do Mapa.
- O Brasil enfrenta uma crise nacional de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas, com 58 casos confirmados e 15 mortes, principalmente em São Paulo, Paraná e Pernambuco.
Uma operação de fiscalização do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) resultou na apreensão de aproximadamente 75 mil litros de cachaça clandestina na região de Criciúma, Santa Catarina. A ação, coordenada pelo Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Sipov) da Superintendência do Mapa no estado, expõe os riscos crescentes da produção irregular de bebidas alcoólicas no Brasil.

Durante a operação, três estabelecimentos foram fiscalizados: dois foram autuados e interditados por operarem sem registro no Mapa, enquanto o terceiro recebeu autuação por produzir em condições higiênico-sanitárias inadequadas. A cachaça apreendida estava sendo fabricada em ambientes impróprios, sem o controle de qualidade exigido pela legislação.
Riscos à saúde pública
O consumo de bebidas clandestinas representa grave ameaça à saúde, podendo causar intoxicações severas, cegueira e até morte. Esses riscos decorrem da presença de substâncias tóxicas resultantes de adulterações ou processos de produção irregulares, sem qualquer supervisão técnica ou sanitária.
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A fiscalização reforça a importância de que a produção de bebidas alcoólicas ocorra apenas em estabelecimentos devidamente registrados que atendam às normas higiênico-sanitárias estabelecidas pelo Mapa. A Instrução Normativa nº 72/2018 define os requisitos e procedimentos administrativos para o registro de estabelecimentos e produtos classificados como bebidas.
Intensificação da fiscalização
Segundo o Mapa, as ações de fiscalização foram intensificadas nos últimos meses com a chegada de novos servidores, incluindo Auditores Fiscais Federais Agropecuários e Agentes de Atividades Agropecuárias. O reforço amplia a capacidade do ministério de proteger consumidores e assegurar a qualidade dos produtos de origem agrícola comercializados no país.
Produtores que desejam regularizar suas atividades podem acessar a seção de Vinhos e Bebidas no site oficial do Ministério da Agricultura, onde encontram orientações detalhadas sobre o processo de registro e adequação às normas vigentes.
Crise nacional: mortes por metanol alarmam autoridades
A operação em Santa Catarina ocorre em um momento crítico para a segurança alimentar brasileira. O país enfrenta desde agosto de 2025 um grave surto de intoxicações por metanol relacionado ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, que tem gerado apreensão em todas as regiões do país.
Segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde até 24 de outubro, o Brasil registra 58 casos confirmados de intoxicação por metanol e 50 casos em investigação. O número de mortes chegou a 15, sendo nove em São Paulo, três no Paraná e três em Pernambuco. Outros nove óbitos seguem em investigação.
São Paulo concentra o maior número de casos, com 44 confirmados e 14 em investigação. A crise levou à criação de estruturas emergenciais. O Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação em Brasília no dia 1º de outubro para monitorar os casos crescentes. E o governador Tarcísio de Freitas anunciou em 30 de setembro um gabinete de crise para coordenar ações das secretarias da Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Justiça.
Como o metanol contamina as bebidas
Investigações da Polícia Civil identificaram que uma fábrica clandestina no ABC Paulista adulterava vodka com etanol comprado em postos de gasolina. Porém, utilizando inadvertidamente etanol contaminado com metanol. As principais linhas de investigação apontam para contaminação por metanol usado na limpeza de garrafas reaproveitadas e uso da substância para aumentar o volume de bebidas adulteradas.
Até outubro, 41 pessoas foram presas acusadas de adulteração de bebidas no estado de São Paulo Agência Brasil, incluindo fornecedores de insumos para falsificação.
Sintomas e tratamento
O metanol, ao ser metabolizado no organismo, gera formaldeído e ácido fórmico, substâncias que podem causar danos graves à saúde, incluindo perda irreversível de visão e morte. Os sintomas podem aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão, incluindo alterações visuais, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e sudorese excessiva.

Para combater a crise, o Ministério da Saúde adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico. E está comprando mais 5 mil tratamentos (150 mil ampolas) para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde.
Orientações às autoridades e população
Autoridades orientaram a notificação imediata de casos suspeitos e confirmados de intoxicação por metanol, caracterizando-os como eventos de “ameaça à saúde pública”.
Consumidores devem redobrar a atenção com a procedência das bebidas alcoólicas, evitando produtos sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal. Em caso de sintomas suspeitos após o consumo de bebidas alcoólicas, a orientação é procurar imediatamente atendimento médico de emergência. O socorro em até seis horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar agravamento.
As operações de fiscalização e combate à produção clandestina de bebidas, como a realizada em Santa Catarina, são fundamentais para prevenir novos casos. Além de proteger a saúde da população brasileira diante desta crise sanitária sem precedentes recentes no país.